Essa rede, essa teia, essa malha,
que supõe a costura impossível
das células de um corpo humanidade,
muda lenta e imperceptivelmente,
na mente de toda gente -
esteja ou não, consciente -
o tamanho do burgo e de cada cidade,
o lugar que revela e aquele que esconde,
os irmãos e irmãs - os vizinhos de agora,
antes, perdidos pelo mundo afora.
Essa rede, essa teia, essa malha
desenhou e tornou mais palpável
nossa casa maior, nosso planeta e hotel.
Talvez um dia possamos olhar,
sem ser eu quem olha, sem ser você,
a Vida, como um belo milagre,
e sermos apenas passageiros
do pião azul coberto de nuvens que,
hoje, vinte e um de junho, do ano
dos homens de noventa e sete,
às oito horas e vinte e um minutos,
completa a ida e começa a volta -
ou vice-versa, tanto faz - fazendo assim
verão aqui, inverno lá ou, como se nota,
o verão está lá e o inverno cá...
gv20/06/97