desenho de Lu Guidorzi
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berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

 

Sputnik

04/10/02

da TIME: "And over thousands of earthbound radios sounded the eerie beep... beep... beep from somewhere out in space."


eerie - Babylon Ltd - 1997

Babylon Ltd. 1997.


EERIE a. assustador; estranho, extraordinário; tímido, acanhado.
Dicionário Escolar de Oswaldo Serpa


eerie, eery
a.
lúgubre, sinistro, sobrenatural
Webster eletrônico


ee-rie
adj. -rier, -riest.
Also ee-ry. 1. as. Inspiring fear or dread without being openly threatening; peculiarly unsettling; weird. b. Supernatural in aspect or character; uncanny; mysterious. 2. Archaic. Frightened or intimidated by superstition. - See Synonyms at weird. [Middle English eri, fearful, cowardly, Old English earg, cowardly, timid, from Common Germanic arg- (unattested).]
The American Heritage


ee'rie, ee'ry adj. [Scot., fr. AS, earh timid.J l. Affected with fear, as of ghosts; frightened; timid. 2. Serving to inspire fear, as of ghosts; weird; uncanny. - Syn. See WEIRD.- ee'ri ly, adv. - iee'ri ness, n.

No dia 4 de outubro de 1957, há 45 anos, a humanidade viu um velho sonho se tornar realidade: poder jogar um objeto com tanta força que ele não caísse de volta na Terra. O Sputnik, o primeiro satélite artificial, coisa que hoje se menciona ao desdém, tinha escapado para o espaço sideral.

Reminiscências de velho são muito chatas, mas me permito lembrar este quase meio século por razões diferentes da disputa de poder e tecnologia com a antiga União Soviética e do marco inicial do que viria a se chamar de era espacial. Lembro porque emoções fortes são as que deixam as marcas mais difíceis de apagar: o Sputnik me deu a primeira, se não a única, ocasião de ver meu pai chorar.

O surpreendente feito da antiga União Soviética também juntou gente no meio da rua, no Rio, com o pescoço esticado a procura de um ponto brilhante no céu em inútil busca de uma bola prateada pouco maior do que a de futebol e com menos de 84 quilos.

Lançamento do Sputnik em Tyuratam - (c) 1994 TIME Magazine
Lançamento do Sputnik em Tyuratam - (c) 1994 TIME Magazine

A revista Time, de 14 de outubro de 1957, explicava que até mesmo as emissoras de rádio comerciais pegavam o sinal do satélite e citava, entre aspas, o locutor da NBC "Ouça o som que separa mais ainda e para sempre o velho do novo." No mesmo tom, a matéria continuava: "E através de milhares de rádios é possível escutar o misterioso bip... bip... bip vindo de um remoto ponto do espaço."

Pela voz neutra e estrangeira procuro evitar fantasias, pois a imaginação não poderia reproduzir a emoção que aquele bip... bip... bip monótono foi capaz de produzir. Não o som, é claro, mas a crença em que o sinal vinha de algum lugar misterioso até então inacessível. Ao som daquele bip... bip... bip, meu pai chorou.

Com uma frase de efeito a Time resume o estado de espírito da época: "... a reação da nação aos gélidos bips, de aplaudir uma poderosa conquista científica, logo se congelou nos rigores da guerra fria."

 

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