Tempo de flores
21/09/11
O olho atento de minha mãe sublinhou de imediato serem as floradas desta capital dos paulistas mais floridas e copiosas que as do Rio de Janeiro. Aqui, em todas as estações, inclusive o inverno, deleito-me com a profusão de flores e cores à roda, o ano inteiro. Algumas, ubíquas, quase exibicionistas; outras, diminutas, a cobrar um olho atento para as perceber. Minha mãe se deliciava com o arvoredo colorido cidade afora. Hoje, o G1 da Globo, traz uma reportagem fotográfica com este tema - floradas colorem São Paulo às vésperas da primavera e uma dúzia de fotos, mais ou menos, desvenda belas facetas da cidade. Dir-se-ia que o olho atento de minha mãe não se enganou, pois um jornal do Rio sublinha o deleite ver de flores impecáveis contra a imponência de fachadas de arranha-céus. Como as coisas há muito aperfeiçoadas transcorrem em harmonia e suavidade, por aqui eclodem muitas pequeninas borboletas de muitas cores a voejar rente ao mato ralo por florzinhas que mal conseguimos ver. Na realidade, faltam poucas horas para a proclamação oficial da primavera nestas bandas e, do lado de lá, se faltam flores, sobra um outono de cores surpreendentes. Assim, para justificar o equilíbrio equinocial, tinge-se a Terra de todas as cores. Aqui, se os adivinhos do clima acertarem, a inauguração será com chuva, mas ainda assim a estação é toda alegria e, no norte, pintada por uma paleta deslumbrante. Como trilha sonora, as aves que lá não gorjeiam, derramam-se cá nas vozes de mil sabiás. Gonçalves Dias tinha razão: como é belo o canto do sabiá! Parecem dialogar, uns mais perto, outros ao longe e todos a se desdobrarem em melodias rebuscadas, sem partitura ou teorias. Repito ainda uma vez os versos do poeta, eco de muitos outros antes dele: a vida é bonita, é bonita, é bonita! O simples fato de viver é milagre. |
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior|