Os jovens não podem lembrar, mas houve tempo em que a mídia - jornais, rádios, televisões etc. - não indicava o autor de matéria publicada ou difundida, como se tudo fosse de autoria da entidade, do jornal ou emissora, enfim, do poderoso patrão a pagar salários a repórteres e redatores. Depois começou a mania de matéria assinada e a laboriosa classe de coletores e divulgadores de notícias viu parte de sua remuneração substituída pela vaidade de ver o próprio nome divulgado aos quatro ventos.

Hoje, até o responsável pelo obituário e o setorista de delegacia policial, se ainda existirem, assinam, cheios de pompa, seus espaços entre notícias. As folhas salariais dos detentores do quarto poder foram significativamente ressequidas pela prática, para gáudio maior dos poderosos.

O mundo mudou e os recursos trazidos pela Tecnologia ameaçaram os meios de comunicação correntes (como o Teatro se supôs ameaçado pelo Cinema e, posteriormente, este pela Televisão etc.) e, de fato, alguns jornais, algumas emissoras, foram de roldão na turbulência.

Como sempre acontece, todavia, as inovações ameaçadoras traziam embutidas novas possibilidades pouco a pouco percebidas e, de certo modo a solução. O fruto dileto das novidades tecnológicas, o telefone celular, dito esperto, criava novos repórteres, amadores, sim, porém ávidos, também eles, por verem seus nomes nas notícias difundidas.

Pouco a pouco, toda mídia caçava gananciosamente as informações e as imagens produzida pelo Zé Ninguém. Era um manancial inesgotável do produto que vendiam e passível de obter gratuitamente, na maioria das vezes.

captura de tela

Ontem, em meio aos desdobramentos da trágica tempestade que se abateu sobre São Paulo, a Folha de São Paulo publicava, na primeira página de sua edição eletrônica, sua isca para pescar material a custo zero.

Wed, 13 Mar 2019 14:41:06 -0700 (PDT)

 di gratis, ne?

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Sim, e eles vendem notícia...

Fri, 15 Mar 2019 16:34:49 -0300

ai ai ai... querido Manu... Cada vez fico mais e mais humilhado por cada texto que você escreve. E, como sempre... me pergunto: quem são esse fiéis leitores. Pode me contar, por acaso? Sempre fico muito muito curioso... Pode ser?

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Não faço ideia se existem, ou não, leitores das coisas que publico. (Tem você.) Não procuro medir essas coisas, embora seja possível. Escrevo por gostar. Se alguém lê, ou não, não me diz respeito.

Sun, 17 Mar 2019 20:16:02 -0300

perfeito retrato de uma decadencia lenta gradual e inexoravel

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Onde a ganância campeia é certa a decadência.