O âncora - rio-me sempre desta denominação - pergunta ao garoto do tempo, que vaticina ao vivo - e o poderia fazer, cadáver ou pó? - em uma dessas rádios que modulada a amplitude, uma das AM, Brasil afora: fulano, explica aqui uma coisa, o que é exatamente essa história de umidade relativa do ar?
O outro limpou a garganta e, ao fazê-lo, deixou patente estar em apuro. Tentou explicar a tal da umidade relativa e quanto mais tentava mais se atrapalhava e menos o ouvinte e o âncora, perplexos, a entendiam, como se diante da relatividade geral de Einstein.
Ao fim e ao cabo, o âncora propôs: quer dizer, assim... resumindo tudo, para simplificar e pôr numa linguagem mais popular, se a umidade relativa está cem por cento é metade ar úmido e metade ar seco, é isso? O professor trapalhão concordou pois era o que se concluía do que expusera e, bem sabe a leitora, o leitor... não é nada disso.
O episódio, curtíssimo, me parece precioso e traz de volta o tema da educação. Não é difícil explicar que existe, para cada temperatura, um limite para quanto de água, como vapor, o ar pode conter. Além deste ponto - o ponto de saturação, o ponto de orvalho - começa a pingar, gotinhas se depositam ou viram nuvem.
O mesmo ocorre se a temperatura baixar. Basta ver o que acontece com a umidade do ar em contato com uma garrafa gelada, por exemplo. Ao contrário, se a temperatura subir o nevoeiro some, o orvalho vai para o beleléu.
A cada temperatura, o ar pode conter certa quantidade de água (vapor). A umidade relativa - a tal que o âncora perguntou - indica a situação em relação ao ponto de saturação ao tal limite. Quanto está úmido em comparação com o máximo possível naquela temperatura.
Qualquer coisa pode se tornar interessante. Cabe à varinha mágica do professor criar interesse no que parece árduo e transformar o que chamam dever em lazer.
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