Quando se faz a pergunta certa temos a resposta, mas é difícil formular a pergunta correta. Consegui-lo implica o processo que esclarece e responde sem deixar espaço a opiniões. Opiniões, não passam de opiniões.
Quando se vê com clareza sabe-se de que se trata e não se pede palpite nem se quer pôr em jogo modos de ver. Diante de fatos não há modos de ver: "Apaixonei-me subitamente por fatos sem literatura - fatos são pedras duras e agir está me interessando mais do que pensar, de fatos não há como fugir", diz Clarice Lispector em "A Hora da Estrela".
Quando se quer enganar, explorar os indolentes ou distraídos, fingir-se ser o que não se é, nestes casos há um atalho muito pisado e chafurdado: formular a pergunta torta. Porém, a tranqüilidade diante da pergunta oblíqua, coloca outra e desnuda a verdade: - por que tal pergunta, quando outra e outra mais a antecedem e eliminam? Então se torna patente que se questiona o irrelevante, sem relação com o que de fato importa.
Se, sem paixão, emoção, compromissos, livre, enfim, se olha qualquer pergunta, por mais capciosa que seja sua elaboração, filha de conclave de legisladores e advogados de demônios ou de Satanás, a verdade emerge como paisagem da qual se dissipam vapores e brumas.
Por mais graduado o operário da fábrica de automóveis ele não é responsável pelo acidente fatal, que falha mecânica de componente do carro provoca.
nunca se sabe o sonho de uma vaca...A essas alturas do campeonato das arbitragens suspeitas, só falta se atribuir culpa a alguma vaca transviada que, em arroubo de liberdade, e complexo mal curado de passarinho migrador, pulou a cerca ou achou brecha no cercado para cruzar a fronteira da sanidade. E todos sabem que onde a vaca vai... e sabem mais: por onde passa um boi... e, de ditado em ditado, dize com quem andas, oh, gajo, para que não precises dizer...
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