Você,
Que os deuses permitiram
Viajar tanto em mim;
Que chegou cheia de Vida,
Encanto, mistério e Amor,
Me pegou desprevenido:
Caí prostrado e cego,
Louco e derrotado
E fiz de Você tão divina
Rainha do Olimpo meu.

Adorador idólatra,
Paguei o preço do sacrilégio:
Mortal, me meter nas coisas de Zeus!

E Você, que nem deusa é,
Olhou com desdém e culpa,
Talvez, até compaixão,
O miserável sangrado:
Eu, como Prometeu.

Você, que os deuses me mostraram em sonho,
Que sempre sonhei muito antes de existir -
Quem sabe, um delírio ancestral
De tantas e mil gerações? -
Você não é Você nem ninguém:
Você é apenas eu.




SP 27/02/88





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