Acordei, liguei o rádio e... lá estava Ari Barroso e seu hino mais brasileiro que o próprio Brasil, sua Aquarela bem temperada. Na hora, decidi: saio candidato, pronto! Eis-me, podem votar. Carece partido? Partido... Adolescente - o desejo irresistível de não levar a sério tudo isso é antigo - adolescente, dizia, optava pelo PAM, Partido Ao Meio mas, agora, talvez fosse o caso de optar por outro, como o PA, o Partido Alto, pois me motiva um único lema, uma única proposta, um projeto de lei solitário e urgente: substituir o hino. Não do país, divisão arbitrária e política, mas o hino da nação, o desse povo cujo odor tanto repugnava a um general cavaleiro.
Gosto da música do outro, em vigor. Sobre a letra só poderei falar no dia em que terminar o jogo de paciência com seus versos embaralhados - meu deus, quem embaralhou esse poema! Além do mais é um hino de fardas e fardões. É uma parada, sozinho. Parece desfile de soldadinhos de chumbo ou filmes de época de Hollywood. Afinal, ficou por que não conseguiram outro melhor e o sábio Pedro II decretou: "antes o outro". E o "outro" era este, que permaneceu.
O que ninguém notou é que a vida preparou tudo assim, fez com que não houvesse um ganhador naquele dia, no concurso do Municipal, no Rio, à espera de Ari Barroso, ainda por nascer. Um belo dia nasceu Ari e fez o hino para vencer o concurso que hibernava. A Aquarela é o Brasil posto em música, ritmo e versos. Vivo, o Imperador, imediatamente lhe entregaria a palma, o prêmio, na certa.
Querem se convencer em dois tempos? Imaginem um final de Copa do Mundo, bem Brasil, seja quem for o adversário, Argentina, França, Inglaterra, pouco importa - pelo futebol escolheria Argentina, pelo hino, França - e, dizia, na hora dos hinos... Bem, é só imaginar. Ao terminarem os hinos, metade da copa estaria ganha.
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