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(de esporadicidade imprevisível)

As maçãs

10/01/18

Fatos de um passado distante são tão mais verossímeis quanto menor a distância. A crença popular a atribuir à queda de uma maçã a teoria gravitacional de Newton, provavelmente, surgiu na mente de algum roteirista do século XVII, ou mesmo XVIII, ainda que, na época, fosse chamado de historiador e fizesse sua maçã cair bem na cabeça do gênio - do filósofo, matemático, astrônomo e físico de Woolsthorpe Manor, Inglaterra.

Um pouco antes, Galileu já preparava o cenário para os cálculos matemáticos do inglês e este, certamente, testemunhou uma infinidade de quedas antes da cinematográfica, da tal maçã. O Homo verbalis, por sua vez, se encanta com enredos e a maçã o fascina desde Adão e Eva até a famosa fabricante de computadores e telefones de bolso. A fábula do historiador teria muito a ganhar com a queda do fruto, o mesmo que provocou a queda do Paraíso.

Ocorreu-me imaginar como um roteirista hollywoodiano poderia contar, hoje, o feito extraordinário de Sir Isaac Newton, aos 45 anos. Talvez estimulado por filmes-catástrofe, nosso homem substituísse o prosaico fruto da macieira por uma monumental avalanche a destruir implacavelmente tudo em seu caminho montanha abaixo.

"É uma questão de escala", argumentaria o ficcionista,"tanto a maçã quanto a neve a se avolumar respondem à mesma e fundamental força, que procura aproximar os objetos, sejam estrelas ou prótons, na proporção direta de suas massas e inversa do quadrado de suas distâncias."

Para atender às necessidades psicológicas de uma boa trama, o gênio, perdido em suas lucubrações poderia ser arrebatado pela massa descontrolada de água em forma de neve para ser salvo mais abaixo - não poderia morrer, pois ficaríamos sem a preciosa teoria! - e a um bom roteirista, não faltariam meios de resgatar o sábio e nos propiciar os "Principia".

Wed, 10 Jan 2018 16:07:25 -0200

crônica madrugadeira, enviada tão cedo!!!!
Boa ideia o roteiro da história da maçã - podiam misturar e fazer cair na cabeça do Adão Newton, rs.
Teve a Apple Records, dos Beatles, antes da apple do Steve Jobs.
E eu tiraria a vírgula depois de “lucubrações”, no último parágrafo. Ou não entendi bem o sentido da frase?

      sem assinatura

Madrugadora por imposição dos compromissos...

De fato, esqueci-me da Apple dos Beatles, pena.

Você está certa e entendeu muito bem o sentido da frase. Já tirei a vírgula supérflua.

Merci.

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