autoria: José Lauro

Enfim, o nome!

07/07/16

Um horizonte impecável como o risco traçado por mão treinada e um bom tira-linhas a deixar sobre papel de qualidade um fino fio de nanquim anunciava a varrição da atmosfera por bons ventos e separava inexoravelmente o céu do oceano. Pouco depois começaram rajadas fortes, vindas do leste/nordeste e, época de folhas mortas, elas se agitaram pelos chãos. Erguiam-se, ousavam voos mais longos, misturavam-se à poeira e ali e acolá alçavam-se em breves redemoinhos, a me lembrar Monteiro Lobato e seu Saci, causador dos turbilhões.

Volta e meia outra rajada mais forte levantava as folhas caídas e ressecadas, que nos ultrapassavam, céleres, para tombar adiante. E o dia quente em pleno inverno sugeria o sábio conselho tornado troça: vai pela sombra. Longe, quilômetros mar adentro, a limpidez daquele horizonte tocava a alma com um não sei quê.

"Direita, volver" - gritara o comandante em mim e tomei uma transversal sombreada pelas espessas copas de amendoeiras-da-praia com canteiros bem cuidados ao redor de cada árvore. Neles, muitos pés de comigo-ninguém-pode, e alguns daquelas folhas largas e plissadas a me acompanharem desde a infância e cujo nome desconhecia até hoje.

A informação está certamente em algum dos milhões de computadores passíveis de se ligar ao nosso (a falsa informação também estará disponível!) e, com alguma perspicácia e paciência, se pode separar a agulha da palha, pensei face a folhagem velha amiga e, de volta à toca, procurei sua identificação e estava lá, com um nome incomum e outro bem brasileiro: curcúligo, também conhecida por capim-palmeira.

Há menos de quatro meses mencionei aqui, mais uma vez, as folhas plissadas, comparadas algumas vezes às saias das estudantes de outrora. Na volta, os ventos se aplacaram mas a linha do horizonte permanecia esplendida.

Thu, 7 Jul 2016 10:46:14 -0300

que coisa linda, que começo de texto impecável em que se visualiza o tira linhas, a linha o nanquim e, inesperadamente, também o horizonte. Só uma coisa polui a imagem cristalina: a vírgula entre o sujeito e o verbo, Clode, diz a sua irmã chata!!!! não precisa dela entre "nanquim" (última palavra do longo sujeito) e "anunciava", o verbo.
Deliciosa também a imagem-lembrança do saci do Monteiro Lobato, saudades da infância na Sorocaba com as leituras da vovó. Que se completa com a das folhas largas e plissada (cara, como você consegue descrever as coisas?!?!?!?! eu JAMAIS usaria "plissadas" pra descrever aquelas folhas e, no entanto, posso vê-las ao ler a frase) que pareciam dizer não às vezes, balançando pra lá e pra cá.
obrigada pela criação, pela redação e, lógico, pelo envio que as torna acessíveis.

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Antes de tudo, obrigado.

Sinto vergonha (aquela das crianças) diante de minha persistência no erro. Há muitos anos você me alerta, eu compreendo a lógica gramatical, porém não analiso as frases ao escrever, o texto me flui sem deixar espaço para conferir as regras do bom português. Obrigado por avisar, vou corrigir e continue assim por favor.

Desde sempre lembro-me do Pedrinho caçando saci com uma peneira a cada pequeno remoinho de folhas, coisa bem comum. Essas folhas são muito marcantes para mim. Se não me engano, foram plantadas na Sorocaba quando a Maren nasceu. Na granja, encontraram condições ideais e tomaram conta de tudo.

Na sua época não se usavam mais saias plissadas, o termo foi mais comum em minha infância e as folhas de capim-palmeira (curcúligo é muito feio!) acenam mesmo como um dedo a dizer não.


Thu, 7 Jul 2016 08:41:52 -0700 (PDT)

fui olhar o cuculigo pra saber do q se trata ... nossa! essa eh da infancia MESMO ... quem diria
nao a vejo por aki
bjs e viva a linha do horizonte, inpecavel, esplendida!

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Como disse a nossa irmã, acho terem sido plantadas na Sorocaba por ocasião de seu nascimento, mas... que certeza tem um velho?


Thu, 7 Jul 2016 16:49:31 -0300

.... ainda bem que a memória traz o que não se esquece... as moças que iam visitar os navios ancorados perto do colégio dos meninos que passavam a mão... Ainda bem que existem outros caminhos também.

comparadas algumas vezes às saias das estudantes de outrora.

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A memória é intrigante e tem lá sua própria opinião. Deve saber por que esquece umas coisas e outras, não.


Thu, 7 Jul 2016 17:34:42 -0300

Enfim o nome que eu nunca soube: curcúligo ou capim-palmeira, sim senhor! Lá na Granja eu tinha de monte, nasciam por conta própria.
E em São Vicente, onde morou minha avó, a amendoeira se chamava chapéu de sol. Só mais tarde aprendi o amendoeira. Cheguei a plantar lá em casa, mas não vingou (muito frio, provavelmente...)
Bjs
Ana

Bem, para sua tranquilidade afirmo ter conferido no VOLP antes de publicar.
Curcúligo é muito feio. Quanto a chapéu-de-sol, tinha me esquecido completamente, sim, um nome antes familiar.
O capim-palmeira me acompanha de a infância.

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