Encontro correspondência de quase dez anos atrás, assinada apenas com um "S.", anônima portanto, mesmo sabendo a origem habitual desta assinatura em cartas para mim e, passada uma década, o que ali se diz - são poucas palavras - me encanta e ecoa como novidade, tal é nossa memória, nosso jeito torto de apreender.

A breve epístola veio em resposta a uma croniquim de então e diz:

Li num artigo de uma psicóloga ou antropóloga americana:

 "As pessoas não foram feitas para serem felizes, mas para procriarem."

   Acho que é isso mesmo.

  bjs,S.

Bem, os filósofos de botequim ou academia questionariam o significado, aí, de 'ser feito para' ou quem seria o hipotético autor e a impossibilidade de saber suas reais intenções. Que se alegrem com o tema, se for o caso mas, agora, apreendi a ideia da psicóloga, ou antropóloga americana-do-norte sem maiores complicações - as duas diretrizes fundamentais da evolução continuam a falar alto em todo ser vivo: sobreviva, procrie. O próprio Jeová enunciou a regra ao recomendar-nos crescei e multiplicai-vos, temeroso de um mundo tão encantador acabar despovoado.

Foram tão eficazes os meios encontrados pela Vida, para obrigar cada ser a despender grande energia e sacrifício em busca da descendência e, igualmente efetiva a luta para sobreviver, ainda que para tanto fosse preciso dizimar a vida ao redor e construir essa sociedade absurda.

Felicidade? Talvez cada um de nós conheça flashes de felicidade, lampejos breves e esporádicos de um estado permanente apenas para o casal primeiro, antes de provar da ciência do bem e do mal.

Assim sendo, seguimos horda de procriadores, empenhados até o âmago nos afazeres da reprodução sem saber como ser feliz. À anônima psicóloga ou antropóloga americana citada pela amiga na correspondência. Tim-tim pela felicidade da frase!

Date: Thu, 14 May 2015 16:01:25 -0300

CLAP CLAP CLAP

      sem assinatura

As palmas ecoam à missivista de outrora e, ainda mais, à psicóloga ou antropóloga norte-americana. Viva a mulher! Sem elas impossível procriar.

Thu, 14 May 2015 14:15:48 -0700 (PDT)

tem um livro de um grande budista, diria Rinpoche, pra fugir da palavra mestre, contemporaneo q se chama
Not for Happiness
o budismo nao eh a busca desta tal felicidade ...

      sem assinatura

Quem sabe a senhora psicóloga ou antropóloga não se inspirou nele para "suas" conclusões (ponho aspas em suas por suspeitar muito da propriedade de ideias).
Rinpoche é mestre (guia, guru, líder, orientador) em que língua?

Fri, 15 May 2015 11:37:47 -0300

Bem, voltando à palavra felicidade, tem uma definição melhor ainda. Veio do Bergman, e os suecos sabem ser precisos... "Felicidade é uma idéia divulgada no séc19 e, muita gente ainda acredita nela"... Era mais ou menos assim, pelo menos o que me lembro.
bj

      sem assinatura

Ótima definção, mas uma pena estarmos defasados quase dois séculos...

Fri, 15 May 2015 13:54:36 -0300

tintim mesmo, bela frase.
eu já comecei a me perguntar, ao lê-la: e o que é exatamente "ser feliz"? mais ou menos o que você diz com "flashes de felicidade" talvez. Uma pessoa me perguntou uma vez a respeito de um amigo comum: "Fulano é feliz no casamento?" tive de rir e perguntar pra ela "como assim?" o que seria isso, "ser feliz no casamento"?
A tal pessoa era solteira. Provavelmente ainda acreditasse no "viveram felizes para sempre", imagine, só! 2 pessoas vivendo juntas todos os dias sorridentes 24 horas por dia!!! rs rs rs rs rs rs

Ouvi, hoje, mais uma definição, atribuída a Ingmar Bergman: "Felicidade é uma idéia divulgada no séc19 e muita gente ainda acredita nela"...

Sat, 16 May 2015 18:54:45 -0300

O Gene Egoista do Richard Dawkins vai fundo nessa idéia. Vc leu? Grande abraço. Ebert

Não, li bastante na internet sobre o livro e as ideias ali contidas, mas o livro não.