desenho do autor

de esporadicidade imprevisível

Mediocridade

20/09/17

Mediocridade - ao pé da letra, afeto ao étimo, a palavra refere situação média, comum, mediana, diz respeito à maioria, em uma distribuição normal. Com o tempo, todavia, o termo adquiriu conotação pejorativa e passou a indicar falta de qualidade, ausência de excelência etc.

Vivemos uma época medíocre. A mediocridade campeia por toda parte e, pelo telefone, voz amiga me assinala, assustada, seu temor por uma era de obscurantismo. Teme voltarmos a queimar bruxas em praça pública ou acreditar em um mundo plano apoiado sobre os cascos de quatro tartarugas...

E, como especular é barato, em alguma lagoa da velha Escócia um monstro submarino voltaria a aterrorizar enamorados enquanto, atrás das muralhas da China, algum dragão vomitaria fogo pelas ventas...

Estaríamos nos antípodas do Iluminismo, daqueles raros momentos da História do florescer de mentes e artes, de uma lúcida busca do "viver e deixar viver", quando a maioria prefere amar a guerrear, quando a luz da sabedoria afasta fantasmas e demole superstições.

O presidente alourado e o ditador rotundo se espicaçam com bicos de poderosas ogivas nucleares. Um juiz ignoto permite, oficialmente, a malfadada "cura gay". Uma fila de furacões açoita ricos e pobres nos mares das Bahamas e circunvizinhanças enquanto ali perto, no México, a terra treme e mata...

Ao "país do futuro", este se mostra cada vez mais distante enquanto a "fome de Malthus" se transforma no abismo crescente entre os muito ricos e os muito pobres. Breve, seremos oito bilhões e o planeta continua o mesmo de setenta anos atrás, quando éramos "apenas" dois bilhões de seres humanos a demandar ar, água, alimento, abrigo e inventar necessidades desnecessárias...

O que virá para nos sacudir e reequilibrar o tortuoso fluxo de mediocridade do Homo Verbalis, a deitar palavras como estas aqui?

Wed, 20 Sep 2017 16:15:36 -0300

como ensinam os indios, se o ceu ja caiu uma vez, ele pode cair de novo.

Cabe que a gente lembre disso e siga na luta. Na luta pra ter cabimento pra o mundo e pra gente

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Você me lembrou o Asterix e sua turma, sempre temerosos de que os céus lhes desabassem encima, lembra?

Sigamos, sim.


Thu, 21 Sep 2017 08:05:32 -0300

Oi, Clôde

A crônica não é nada medíocre. Só não sei se o planeta
continua o mesmo... Pelo menos mais poluído deve estar - e provavelmente menos
populoso em espécies vegetais e animais (exceto as domesticadas???)

Bjs
Ana

Olá, Ana.

Você está certa: ao dizer que o planeta continuava o mesmo quis me referir às suas dimensões - às superfícies de terra e de mar etc.. Mas as alterações apontadas piorariam as coisas, pois a demanda cresceu e a oferta se reduziu. Por outro lado, como salientou o Harari, as conquistas da tecnologia e da medicina apontam para uma maior duração da vida com maior facilidade e conforto.

Não conheço estatísticas sobre o número de espécies.


Fri, 29 Sep 2017 13:11:52 -0300

Sabe, Mermão, não ligo muito pro que vai acontecer em qualquer maluco explodindo bombas, lá ou aqui. Acho que fico mais perto do nosso dia a dia, onde vivemos de verdade, e continuamos no nosso dia a dia a todo dia. Gosto de mais de estar vivo e de aproveitar o que existe de bom ao redor. A nossa atitude de todo dia não deve mudar nadinha pra cada um de nós. Fico um pouco mais ligado nas coisas que fazer os nossos olhos piscarem... a favor. E não é fácil encontrar este lance, né?
E se pintar, já será uma grande delícia...
Um boa conversa, seja ela qual for, já é demais.
E toca sorri....
O marte na praia logo ali ao seu lado.
VIVA!

bjo

      sem assinatura

Sim, manonovo,

O mar reprisa seu canto aqui perto e... toca a sorrir.

Encanta-me sua sabedoria de viver o presente.

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