Já houve um slogan aqui, foi banido.

Pegadas

05/11/18

No curto espaço de uma vida deixamos nosso rasto. Às vezes, como pegadas mais nítidas, noutras ficam apenas sinais sutis, como galhos quebrados, mato amassado ou, inclusive, nosso cheiro, para um bom cão poder levantar.

Hoje, é possível averiguar tais vestígios, a cada dia, nos vinte e um anos da esteira destas crônicas de aprendiz. Neste dia cinco de novembro, calharam seis anos com a crônica do dia. Enfileirar agora aqueles momentos exemplifica as pegadas mencionadas.

A mais antiga, de 2003, aborda, com uma enxurrada de metáforas, o resultado das eleições daquele ano. Imagina o Rei Sol de França, Louis XIV, a proclamar a vitória ao nordestino pobre e vencedor e muito mais...

Segue-se o ano de 2007, com uma daquelas de pura apelação face à absoluta falta de inspiração. Aborda, entre outras nonadas, o bicho correspondente a cada crônica por serem todas numeradas, desde a primeira. Esta, por exemplo, final 09, corresponde ao burro.

Depois vem uma tentativa de resgatar uma memória da tenra infância, o momento marcante em que percebi "que a menina que segurava o selim, para me ensinar a andar de bicicleta, já não estava mais ali, ficara lá atrás, longe..." Andava de bicicleta pela primeira vez.

A seguinte, de 2013, conta um estranho encontro com vizinha protetora de gatos, cena anterior à descoberta, dias depois, de uma pequena gata, preta com seu filhote recém-nascido. Eles ficaram em casa e a cria cresceu, se tornou um "siamês mestiço", que viveu por lá até me mudar.

Veio a seguir uma história banal, mas capaz de provocar inúmeros comentários de leitores. Alteou-se, em um cenário hostil, a pureza comovente dos verdes anos a sublinhar o contraste com a brutalidade dos prédios de apartamentos de Copacabana.

A última, de 2016, lembra o apego de minha mãe com a bicharada e vice-versa.

Mon, 05 Nov 2018 10:22:39 -0800 (PST)

gostei da Historia das cronicas nesta data
bjs

      sem assinatura

Que bom!

São nosso rasto...

Merci.


Mon, 05 Nov 2018 18:03:10 -0200

QUE LINDO!!!!! EMOCIONANTE!!! Adorei reviver estes seus momentos escritos e, claro, lembrar de referências que eu conheço (bem).
Beijos
Mima

Ah, que bom você gostar e lembrar!...

Pois é, esse pedaços escritos vão ficando para trás como fotografias...

Obrigado.


Tue, 6 Nov 2018 09:49:31 -0200

Que delícia, amigo! Várias crônicas em uma só... Até me achei em uma delas, contando “causos” do meu tio Renato - o que você, generosamente, chamou de crônica...

Andei sumida ultimamente: em setembro passei três semanas em Salvador, na esperança de dar algum apoio a meu irmão doente e à minha cunhada. Voltei no início de outubro, e ele faleceu no dia 30. Foi melhor pra ele, estava sofrendo muito, apesar de toda a assistência que minhas irmãs, sobrinhos e amigos dele contribuíram para oferecer. Mas, como todas as pessoas significativas na vida da gente, continua presente - como escreveu minha irmã em uma poesia que deixou para os filhos, onde diz, entre outas coisas: “não se entristeçam com a minha ausência, porque em vocês mesmos sempre haverá a minha presença (...) o que de melhor em mim, em vocês certamente persiste”.

Halter Maia (nome do pai, como era usual para o primeiro filho homem...) nos deixa também a chance de revê-lo “ao vivo” nas músicas que postou no You Tube - por exemplo, quando trabalhou com o Tarancón, Pobre mi tierra (muito adequada para o nosso momento - ainda não saiu da minha cabeça desde o dia 28); um CD do grupo Quintessência, onde gravou a música Júlia, composta para a filha mais velha (nomeada em homenagem a Caetano Veloso - a outra filha chama Morena); cantando Beatles no bar Tesão e Cia, que montou quando foi morar em Salvador; e em diversos shows em Salvador com Ivani, cantora e sua companheira há mais de 30 anos.

Obrigada pelas “crônicas múltiplas”– também me trouxeram muitas lembranças boas!! E me desculpe os saudosismos...

Bjs
Ana
P.S. Achei muito pertinente a crônica de Lula-la - talvez, se pensando rei, ele (e os que se sentem seus súditos) tenham definido o resultado do dia 28.

Oi, Ana.

Sentimentos pelo seu irmão. Ainda não chegamos a esta etapa em nossa família e, pela ordem natural das coisas, eu sou o primeiro da fila.

Que bom que você gostou, mas minha memória de velho foi incapaz de descobrir qual crônica a relata (espero que com sua autorização!) a histórias de seu tio... A velhice nos prega peças.

Obrigado eu, muito obrigado.

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