desenho de Lu Guidorzi
basta um clique! 

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a se perder
como berro de vaca que, todavia, muge, apesar
da inutilidade declarada de seu berro.

 

Oito anos depois

26/09/05

 

Há uma nova página no sítio: a agenda de efemérides pessoais. Você pode mandar informações para esse calendário de celebrações efêmeras e banais, que falam aos sentimentos das pessoas. Cada fato assinalado a cada um fala menos ou fala mais.

"Sim, os dias são mais longos - vê-se, e as árvores enchem-se de folhas novas e claras, como se tivessem sua própria luz. O capim cresce rápido e as flores, pelo menos aqui, pelo menos neste trópico da cabra, sempre as há. Afora isso, a primavera é como se inverno fosse: úmida e fria.

Neste ano, as plantas se adiantaram todas em suas florações e frutificações. Flores e frutos que anunciam a primavera vieram antes, em pleno inverno que, apesar de frio, como cabe a um inverno ser, foi seco e, portando de céus azuis e sóis oblíquos. Vieram jabuticabas precoces e a explosão amarela do Ipê, em pleno julho.

Hoje, o céu branco caminha para o cinzento e o dia prossegue como se estivesse a acabar. Está frio e venta pouco, mas é como se fosse muito, tão úmido o vento está. Mesmo os pios estão mais raros. E você, leitor hipotético e eventual, que pode estar, em outras coordenadas, talvez, até mesmo reclamando de um ar muito seco e tanto sol, estaria também perguntando, a si ou aos metafóricos botões, porque falo dessas coisas ou, talvez, se há um toque de melancolia nisso que falo, sem nada dizer.

Eis o que quero falar: por que dependemos tanto, para nosso humor, da luz e do calor que emanam, de nossa estrela, nosso Sol? Por que dependemos tanto, para sentirmos uma espécie de aconchego da natureza, desse tom de azul que nos invade a alma, sem ser preciso nem mesmo perceber que invade e inunda nosso campo visual? Por que essa melancolia quando e se a luz do dia começa a declinar?"

Pirou, foi-se o último fio de ligação com a realidade! - comentaria você, agora, eventual e hipotética leitora, com metafóricos botões, a reclamar de tanta chuva e umidade. Pirado nasci, piração crônica, incurável, mas é trecho de 26 de setembro de 1997 - Saudade da estrela. apenas um terço de croniquim, mais longas, então. Depois, no ultimo parágrafo, falava à estrela: "Dependemos de você, minha estrela, meu Sol, não só para a própria Vida, dependemos de você para a alma também."

 

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