(de esporadicidade imprevisível)
(de esporadicidade imprevisível)
O vendedor de mariola
09/11/17
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Aquele camelô, sob seus cabelos brancos, montava o tabuleiro, sobre uma precária estrutura em xis sempre na mesma esquina, onde oferecia aos passantes um produto singular: mariolas. Empilhava, com uma certa ordem, incontáveis tabletes escuros, envoltos em papel celofane ou algum similar sintético, arrumados em blocos de seis ou sete mariolas, sobre o tabuleiro forrado com papel de alumínio. A julgar pela cor, se poderia supor se tratar de bananada, consoante a definição de mariola do dicionário Houaiss: "doce de goiaba ou banana, em forma de tablete, envolvido em papel celofane ou folha de bananeira seca". Todavia, das laterais do tabuleiro pendiam dois letreiros a especificar "mariolas sem açúcar - monte R$5", fato a extinguir-me todo bucolismo das embalagens feitas com folhas secas de bananeiras. Logo supus mariolas industrializadas, quiçá com mais sorbitol que banana e sabe-se lá quais misturas de sacarinas e ciclamatos, a partir apenas do sem açúcar do cartazete... ou seriam feitas apenas de banana e mais nada? Atraíra-me o inusitado da mercadoria daquele camelô, entre tantos outros com diversos produtos, a se replicarem, sempre idênticos, em ofertas de óculos, pilhas, petrechos para celulares, relógios e "lembrancinhas da Cidade Maravilhosa". Aí soube, pelos letreiros do tabuleiro, tratarem-se de mariolas dietéticas. Diluiu-se o devaneio de uma "tia Nastácia" ao pé de um tacho de cobre, sobre um fogão de lenha, a mexer uma mistura de bananas e açúcar em fogo baixo. Ah, cérebro traiçoeiro, sempre a misturar ideias e fatos, imaginação com a realidade! Ater-se ao que é desafia a mente, pródiga em palavras, o tempo todo a lembrar e a projetar. Volto ao Pessoa e seu metafórico papel de folha de estanho a tudo deitar para o chão apenas por se pensar... Aqui, seria papel celofane. |
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Thu, 9 Nov 2017 10:51:53 -0200 Gostosa essa... Sabe que eu não coohece nome - as que conheço (e imagino que sejam parecidas ou a mesma) chamam bananinha e goiabinha... Oi, Ana, Thu, 9 Nov 2017 19:10:54 -0200 pois é, o “sem açúcar” de hpje é mais perigoso que o açucarado. Na minha opinião, o pó que vem da cana é menos assustador que sabe-se-lá-o-que de onde se fabricam adoçantes!!! sem assinatura Também ignoro a matéria-prima dos diversos adoçantes. Se duvidar, vêm do petróleo. O pó branco derivado da cana, na origem era moreno... O "refino" o torna pior. Fri, 10 Nov 2017 11:34:58 -0200 Tocar na banda, pra ganhar o que ? Duas mariolas e um cigarro Iolanda ! sem assinatura Este aforismo não fazia parte de meu repertório. Que vergonha! Sat, 11 Nov 2017 16:32:55 -0200 Que desenho lindo, como todos os seus. Começo por aí, pra não variar. Aí temos a graça especial do desenho traço e o que significo. Mas o meu olhar do povo na rua é outro, me parece. Pois acho que sempre acabo sempre conversando com alguém. E a partir da aí já começa uma conversinha de pessoas que nunca tinham se falado antes, ou apenas ficou olhando meio de desconfiado. A Bia muitas vezes se afasta logo de perto da pessoas ao meu redor, quando acontece. Mas como digo que o melhor programa é passear na Avenida Paulista... Falar direto com os desconhecidos sempre me interessavam. Quase nunca falha. A Bia até diz que eu me entrego demais da conta ou algo parecida. Ela não liga, mas fica de longe, ou quase. O povo do Brasil, o anônimo... este é meu parceiro preferido, sem vacilo. sem assinatura Que bom a Bia estar de volta! |
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