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O achamento
22/04/16
Há pouco mais de cinco séculos - muito? Pouco? Depende... - um senhor recebia a correspondência, hoje famosa: "Senhor, posto que o Capitão-mor desta Vossa frota, e assim os outros capitães escrevam a Vossa Alteza a notícia do achamento desta Vossa terra nova, que se agora nesta navegação achou, não deixarei de também dar disso minha conta a Vossa Alteza, assim como eu melhor puder, ainda que - para o bem contar e falar - o saiba pior que todos fazer!" Basta-nos o primeiro parágrafo do manuscrito - pouco antes um alemão "reinventava" a imprensa, recurso na certa inexistente nas caravelas - da carta manuscrita e enviada a El Rei D. Manuel, em Lisboa desde "deste Porto Seguro, da Vossa Ilha de Vera Cruz", em uma "sexta-feira primeiro dia de maio de 1500", finda o relato de Pero Vaz de Caminha. Por mais asas conquistadas por nossas imaginações, não seríamos capazes de "realize" a vida dos tripulantes das precárias e bravas embarcações de Cabral, o tal Capitão-mor daquela frota. Não teríamos consciência plena dos horrores impostos pelas condições de higiene possíveis nas naus e pelos conflitos inevitáveis em um ambiente repleto de machos afastados de suas companheiras. Na Inglaterra se celebram os noventa anos de Elizabeth. Aqui se avulta a condição de colônia, vassalos do dinheiro. Criança, me impressionava a locução: sangue azul e mais de uma vez perguntei se era mesmo azul o sangue dos reis. Transcorrido meio milênio, se existiu uma transformação imensa nas ciências e nas técnicas, o ser humano em sua essência, em seu íntimo pouco mudou. É outro, hoje, El Rei D. Manuel (ou outra) e novos meios submetem os súditos atuais, mas o sangue azul das fortunas incomensuráveis ainda determina o fluxo das relações humanas. A igualdade, fraternidade e liberdade continuam a ser um sonho distante. |
Sun, 24 Apr 2016 13:45:33 -0300 Como diz o vulgo: "Manda quem pode, obedece quem tem juízo..." Como se dizia outrora: "Falou e disse." Mon, 25 Apr 2016 22:24:47 -0300 ... e como o miúdo escreve bonito, Pá!... sem assinatura O Caminha? Sem dúvida! |
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