autorretrato 

Adoráveis coincidências

07/07/15

Por mais que me repita ser mero acaso, simples coincidência, diante de cada percepção de uma sincronicidade algo se acende em mim, como um aceno de além da compreensão racional. Pouco depois, eis-me novamente na gaiola da razão sem conexão com o indizível imaginado. Exemplifico com fatos:

Ontem, minha interlocutora em conversa virtual por escrito, pelo FaceBook, mudou, durante nossa conversa fiada, sua imagem de de identificação naquela rede. Não sei se por estar conversando comigo ou por outro motivo, ela a substituiu por um desenho, velho conhecido meu, cuja história já se contou aqui.

o deseno original da autora do frontispício deste sítio
o deseno original da autora do frontispício deste sítio

Conversamos então sobre aquela imagem, fruto do acaso de rabiscar sem qualquer encomenda, propósito ou ambição, como fazem as crianças pequenas quando dispõem de papel e lápis de cor. Elogiei seu desenho e ela retrucou "nasceu num parto sem dor" - bela síntese!

No entanto, não vim por Madame Medula, título dado ao desenho, mas pela coincidência de, ao verificar quais crônicas calharam de se publicar no dia de hoje, encontrar aquela, publicada em sete de julho de 1999, contando a história de Madame, muito mais perto de sua origem. Ao reler o relato se avivou em mim a memória e salientou-se a extraordinária evolução dos recursos eletrônicos, cada vez mais à disposição do homem para praticamente tudo.

Para mim, a falta de compromisso e o fato de se tratar de uma experiência inaugural - era a primeira vez da autora a desenhar com papel, tintas e pincéis virtuais - são responsáveis pela força do resultado, um desenho expressivo e simples, bom ainda depois de dezesseis anos.

Deixo a Jung especular sobre eventuais "relações não causais" nos fatos e me atenho àquele algo aceso em mim e impossível de definir. Sincronicidade ou mera e deliciosa coincidência, obra da Acaso sem mais explicações, como queria Buñuel, tanto faz.

Tue, 7 Jul 2015 11:23:47 -0300

Mas eu mudei a foto do perfil por um mero acaso.

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Então não foi por estarmos conversando, mas o grande acaso, todavia, foi eu reencontrar a velha crônica, em seu décimo sexto aniversário, algumas horas depois.


Tue, 7 Jul 2015 11:29:44 -0300

e, no entanto, quando eu te digo que muitas vezes acontece uma coisa ruim depois que uma pessoa fala algo relacionado, vc diz que é supersticção. Veja, escrevi sobre a mulher histérica porque o seu dela cão pegou um pombo e depois tive de levar minha cachorra ao veterinário porque ela abocanhou um camundongo.
Mamãe dizia que quem tem este "dom" ou danação é "boca de sapo". Tem gente que diz "boca de ouro".
Não é esta "sincronicidade" de que vc tanto fala?
A crônica, como sempre, é ótima. Outro dia pensei neste desenho e do porque de se chamar "Medula".

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Apenas cito o conceito criado por Jung e que tentei compreender através de um livrinho dele com este título. Ele tentou provar, por métodos estatísticos, a existência de ralações não causais em "coincidências significativas". Não sei se se convenceu. Como disse, algo em mim se acende com esses "meros acasos", para os quais não tenho explicação.
Perguntei à autora a razão do nome. Aguardo manifestação.


Tue, 7 Jul 2015 08:46:22 -0700 (PDT)

pois eh, a gente vive 99% do tempo na tal gaiola
eis-me novamente na gaiola da razão sem conexão com o indizível imaginado

bom ter as/os amigos/as ...

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Então, parecemos hamsters a correr na roda em busca do longe...

Amigos? É ótimo os ter.


Wed, 8 Jul 2015 16:59:23 -0300

Ei ei, mermão...

adoro o senhor, ou senhora, improviso... improvisa...

viva o imprevisto!


bjos

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Pois é, ele (ou ela) possibilita toda novidade, né?

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