Anotações
13/09/16
O comentário chegou por e-mail: "no tempo em que eu escrevia por prazer, e não por dinheiro, acordava e anotava ideias surgidas de manhã ou em sonho". A afirmação vinha de profissional com larga experiência e trazia de volta assunto muitas vezes abordado aqui, por diversos ângulos: ideias que nos fascinam e depois se diluem para sempre na profusão de sinapses como, por exemplo, contou a recente metáfora das borboletas desfocadas. De imediato, me lembrei de uma lenda, cuja veracidade não tenho como assegurar, ouvida há muitíssimo tempo de boa fonte e válida mesmo se for apenas ficção. Conta-se terem o cariocas providenciado, em 1925, um jovem físico fluente na língua alemã, para acompanhar Albert Einstein em sua visita ao Rio de Janeiro naquele ano. Muito excitado com a companhia de celebridade tão notável, o rapaz a toda hora puxava do bolso do paletó uma pequena caderneta e nela rabiscava alguma coisa. A frequente repetição da cena acabou por levar o ilustre visitante a perguntar: "se me permites, o que tanto anotas aí?" e o secretário de ocasião, envaidecido, retrucou: "as ideias que me ocorrem, mestre" e, encorajado pela oportunidade, indagou: "o senhor não anota suas ideias"? Conta a fábula ter o novo Newton do século vinte respondido assim ao jovem e entusiasmado brasileiro: "eu só tive uma ideia na vida..."
Preenchi ao longo de anos um grande número de cadernos e cadernetas com começos de possíveis textos, pensamentos a me parecerem geniais etc. Felizmente minha mudança pôs um fim peremptório ao pequeno acervo sem qualquer possibilidade de resgate. Hoje não me incomodo quando um desses momentos mentais se evapora da memória: virão outros, penso comigo, e não me importo. E assim o vício antigo de tudo querer anotar se extinguiu, como também se me apagou o vício de fumar. |
Tue, 13 Sep 2016 10:39:31 -0300 QUE MARAVILHA!!!!!!!! sem assinatura Obrigado. Wed, 14 Sep 2016 18:21:54 -0300 primeiramente fiquei muuuito feliz de saber que você, afinal abandonou definitivamente o nojo do cigarro. Como é que passamos alguns momentos da vida funando... Como nossa cabecinha era tão tão despreparada que permitiu essa idiotice assassinada. Depois disso, que bom que abandonamos tudo isso junto com o lixo universal do planeta. sem assinatura Sim, parei de fumar há 17 anos... nem a metade dos 37 que passei fumando como idiota. Concordo, uma idiotice assassina mui estimulada por diversos poderosos... (coitada da juventude...) |
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior|