Se eu fosse o imperador, presidente, rei ou ditador mandava logo cortarem todas as matas, cada floresta, e que se fizesse a maior fogueira do planeta, em um São João como nunca se viu. Que se pagassem aos melhores sanfoneiros, por música apropriada e se comprassem de silos, milho, açúcar, amendoim, para pé-de-moleque, pipoca e o mais que roda nas bacanais do santo, sem esquecer a rega com bom quentão, de puras pingas, cravo, canela, Gabriela e gengibre de montão... Urge uma providência para esquentar o Planeta, coitado, com risco de uma pneumonia letal! Culpa do diagnóstico de agnósticos do hipotético aquecimento global! Que se queime o que inflamar! É hora do incêndio geral! Salve-se a Terra de uma hipotermia terminal! Primo, como nunca, neva na África do Sul. A um mês do inferno do inverno, sucumbimos a nefastas lufadas austrais. Mentem sobre a suposta estufa. Nas estufas, toda plantinha viceja, sorri. Vaticinam desertos. Em uma estufa? Satanás, sim, planta mais fundos seus alicerces de gelo do inferno. O inverno eterno! Ao terminar seu desabafo Primo Nicolau desabou em sua cadeira favorita. Ofegava. O termômetro, no aconchego da cozinha - em toda casa conversa relevante se dá na cozinha ou no quarto - não era inclemente como do lado de fora. A boa e velha manteiga de leite de vaca não estava dura e, todos sabem, manteiga é um ótimo termômetro.
Há tempos Primo Nicolau não aparecia. Talvez tivesse perdido o rumo de casa com os sete graus centígrados da madrugada. Bebeu seu café-com-leite quente e comeu seu pão quente com manteiga derretida com uma devoção de bicho de estimação e falou: - Sabe, primo, o Planeta nem tá aí com esse efeito estufa. Se desaparecerem algumas espécies não muda nada. Existe vida em condições piores, ela voltaria. O Homem tem é medo de ser o primeiro na lista do extermínio. sem assinatura |
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