Faltam poucos dias para o solstício. De verão, no hemisfério sul, de inverno no norte. Quando, em Londres, na manhã provavelmente fria do próximo 22 de dezembro, forem seis horas e oito minutos, o pólo sul estará o mais voltado para o Sol possível. A partir desse momento, em seu curso ao redor do Sol, a Terra irá paulatinamente inclinando seu eixo de volta e, assim, aumentando a duração dos dias no hemisfério de terras, amontoadas em torno do pólo norte e, conseqüentemente, diminuindo a duração dos dias no outro hemisfério, o das águas, ao sul.

Aqui, neste Trópico de Capricórnio, o verão se assanha em tardes que parecem não acabar mais. Estrelas só depois das oito horas da noite, no horário de verão, quando ainda sobram tintas no horizonte, a sudoeste, cada dia mais ao sul. Passado o solstício, elas, as tardes que tardam a escurecer, insistirão até meados de janeiro levando o Sol a se pôr depois das vinte horas ao redor do dia 14. Mas os dias já estarão menores, então, pois cada amanhecer tardará mais.

Por que venho com tudo isso? Que importa faltarem menos de vinte e quatro dias para o solstício de verão, aqui, nesta latitude tropical de 23º34' ao sul do equador e a 46º51' a oeste de Greenwich?

Assinalo todas estas coisas por causa do frio desta manhã. Hoje, às sete e quinze, o fiel termômetro que ganhei de presente marcava justos 12 graus centígrados. Água gelada na bica com o sol já alto no céu - certo, a encosta aqui se volta para oeste, mas um sol tímido destacava os mil matizes de verdes contra um céu que se desfazia de ligeiras névoas em azul.

Fica o registro para os incrédulos: na manhã do dia 28 de novembro de 2007, às sete horas e quinze minutos, a temperatura ambiente era de 12ºC. Assim, bem burocrático, sem charme nem poesia, que não combina com agasalhos...