Circuitos28/02/00 |
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"aspas" Rico não sabe a telha que tem por cima da cabeça. ck.
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O modem se foi. Uma das companhias, de telefone ou energia, queimou a plaquinha velha de guerra. Sem tempestade, sem nada, na calada da madrugada do dia 28 de fevereiro de 2000. Dirão que devo cobrar dos gringos - o proisso ou proaquilo ajudaria... Direi: só se inverter o jogo: vale o que digo, dão-me uma placa nova e, depois, se entendam com aquela senhora, a dona Justiça, de ilibada reputação entre traficantes e bancos suiços... Suspeita-se, a priori, do que o cara comum afirma. Acredita-se na empresa, corporação, instituição, político, logotipo, no escambau! No homem, não. Bem, a plaquinha velha de guerra, que funcionou por mais de três anos sem dar chabu, irá para a população dos lixões. Lá, talvez algum artista, colocado no lixo por nós, se encante com seus brilhos e miniaturas de intrincadas avenidas... Talvez isso a resgate para uma nova vida, um tipo de reencarnação, ou melhor, reemplacação e, junto com várias outras placas mães, irmãs, primas etc. volte ao seio da sociedade, pelas mãos do artista, em seus 15 minutos de glória de algum jornal nacional. Poderia ser uma volta com o selo e o charme de reciclagem direto para pisos reluzentes de galerias do circuito das artes. Seria inédito, para ela, plaquinha, conviver com damas de roupas extravagantes cheias de brilhos mais ofuscantes que soldas e leds e homens de nariz empinado, charuto e fala difícil, a explicar e tecer teorias efêmeras, derramadas ali, no imaculado chão da galeria. Sociedade na qual vivemos dia após dia, sem ligar muito aos meninos, meninas, artistas e bebês, que nascem no lixo e têm de viver do lixo, numa disputa desigual com urubus e outros bichos, que a natureza preparou melhor para cadáveres e alimentos em putrefação. Não lhe parece plausível o circuito eletrônico voltar pelo circuito das artes? |
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