desenho do autor

de esporadicidade imprevisível

Desatenção

04/07/17

Procuro sem sucesso uma crônica antiga. Estou tão convicto de a ter escrito um dia, para recontar uma história alheia, mas nada! Diferentes buscadores me confundem ainda mais e logo começo a duvidar do que me parecia, há pouco, certeza inquestionável...

Acontece, todavia, descobrir, em meio às buscas, uma duplicata, não daquelas com significados monetários, mas simplesmente uma mesma crônica publicada duas vezes! E mais, publicadas distantes apenas três semanas, exatos 21 dias.

Na verdade, elas apresentam finais diferentes, a sugerir alguma descoberta inesperada de texto antigo e inacabado, aproveitado, por descuido, duas vezes em tempos de pouca inspiração. Se quiser, se pode encontrar aqui a crônica e aqui sua repetição.

Depois de muito procurar a suposta crônica jamais escrita, por fim aceitei nunca ter contado a tal história por mim ouvida ou lida. A memória intriga: aos poucos, as cores se avivaram e voltaram mais fatos correlatos.

A suposta crônica não era obra de meu teclado mas, sim, do de uma amiga que, na época, publicava suas crônicas no jornal Folha de São Paulo. A trapalhada mnemônica ilustra bem a fragilidade de nossas "certezas" quanto a fatos passados, pelo menos nas minhas frágeis lembranças.

Talvez eu tenha citado a história da amiga, não sei, mas estou certo agora: jamais a rescrevi. Sirva o exemplo para aplacar nossas "certezas tão certas" sobre nossas lembranças e recordações.

Por sorte nossos cérebros não registram informações como computador. Lidam com elas como gente, carregando nas tintas de emoções, dor, alegria, sonhos e esperanças, coisas ainda sem significado para o computador. As inteligências artificiais são meio burras nesses aspectos.

Entre tantas crônicas, acabei gostando de descobrir o erro. Certamente existem muitos outros, não seria humano se não houvesse.

Tue, 4 Jul 2017 10:14:05 -0300

Clode
Em Portugal, como minha avo dizia, "sabe me” se refere a gosto, a algo de comer, usado na terceira pessoa :
Esta sopa sabe me bem !

      sem assinatura

Oi,

Como conto na antiga crônica, conhecia este significado para o verbo saber, pois minha mãe, neta de portugueses, volta e meia o usava. Nela sabe têm mesmo este sentido.

Obrigado anyway.


Tue, 4 Jul 2017 10:20:35 -0300

ah! que beleza esse texto!!

comovida

beijo!
ilana

Comovido fiquei ante a sua reação.

Ainda embevecido pelo maravilhoso clima daquela quinta-feira, cheia de amor e carinho.

Obrigado.


Tue, 4 Jul 2017 17:20:18 -0700 (PDT)

eh sempre bom resalvar o "humano" nesses tempos de computadores

      sem assinatura

Quanto mais corriqueira se me torna familiar a ideia de "inteligência artificial", mais me parece se tratar de algo muito diferente de nosso "modo de pensar"...


Thu, 13 Jul 2017 23:07:45 -0300

Salve, salve, Hermano...
Engraçado... exatamente agora resolvi dar um alô pra você. E isso acontece exatamente no momento em que você fala sobre um certo esforço pra descobrir algum assunto, alguma história, uma lembrança, algo usado pela primeira vez, ainda sem inauguração.
Hora hora, que semelhança... Acabo de chegar agora,a esta hora, enfim em casa. E lembrei de você justo agorinha... Engraçado.... O que não nos faltam são lembranças, com ou sem repetições, né? Por exemplo: podemos ficar no nosso passado, por exemplo. E poderíamos conversar sobre sobre o que acontecia em nossa casa. Por exemplo, com uma dose especial de bom humor. Basta lembrar do que fazíamos pra ver as empregadas tomar banho ou algo parecido. Ou então, minha paixão pela música desde muito jovem.... Eu imaginando que comandava um grande orquestra naquela porão. Ou então, no mesmo tema, como conseguir uma entrada de graça escondido no Teatro Municipal pra assistir a um espetáculo qualquer. Lembra? A partir daí... mil coisas poderiam aparecer em nossas lembranças e suas minúcias. Ou... Ou... Ou.... É infinito e sem fim, mesmo... pode acreditar.
Ao mesmo tempo, me findo muuuuito bem andando pela rua e cruzar com pessoas que nunca vi. Confesso que adoro andar pela rua sozinho e conversando com pessoas totalmente desconhecidas. Faço isso com alguma frequência. O ideal pra mim é andar pela enorme Avenida Paulista do domingo, quando os carros são proibidas. É o máximo pra mim. Adoro falar com pessoas que não conheço, se meter numa conversa... e lá se vai um tempão de delícias... Gente desconhecida me interessa, sempre. Recomendo.
Noooossa!
Que horas já são...?
Acho que vou parar de te perturbar a esta hora da noite...
(Ah... antes que esqueça: gostei do que você escreveu aqui agora... você escreve muito tem... Mas vale dizer de novo: converse com as pessoas que você nunca viu, entre nas conversas... só faz bem)

beijos

desculpe o exagero

beijjjjjos...

      sem assinatura

Salve, salve, querido irmão!!!

Você está certíssimo, o que não faltam são lembranças, mas lembranças são o que foi e mais vale o ineditismo de seus encontros ao caminhar, encontros ao acaso, com quem não conhece...

Admiro muito sua competência, mas não sou capaz.

Saudade,

beijos, c.

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