foto de 1966 da carteira funcional do Jornal do Brasil

(de esporadicidade imprevisível)

Desconexo

06/10/17

Dir-se-ia termos contornado o Cabo da Boa Esperança, ainda que a órbita da Terra siga sem qualquer continente a lhe impor desvios de rota. De todo modo, a luz benfazeja de nossa estrela já melhora a vida dos Pinguins Imperadores, na Antártica, e enche de insetos e flores e frutos a terra pouca do hemisfério sul.

É tempo de jabuticaba e árvores floridas, de cantorias ornitológicas e procriação de toa espécie - é primavera ao sul do equador! Tempo de pitanga e mil outras frutas, época de ocasos escandalosos e véspera de grandes águas, fúrias elétricas na atmosfera, nuvens escuras e vendavais.

Seguimos assim nessa estrada acidentada rumo ao verão e, a cada dia, o dia se alonga e demora mais. Você, leitora perfumada como as flores da estação, agora a me ler além do equador, perdoe o enfoque regional. Bem sei da situação simétrica e de sua viagem em direção ao inverno, mas celebremos juntos a alternância de estações.

Copacabana continua a mesma, ampla, pródiga em odores e muito acolhedora. Ao largo, o mar se alarga e quebra como coração pulsante a afagar a areia. A opulência e a miséria se cruzam a todo instante nos largos passeios às margens do Atlântico. O bairro tem o charme de uma velha condessa empobrecida.

Outro dia, entre os pombos muitos das areias da praia, quatro gaivotas se destacavam na disputa de algum alimento, junto a um quiosque. Aproximei-me, curioso por saber por que as aves se concentravam ali. Resposta: disputavam restos de ossos de galinha misturados com areia. Nunca vira gaivotas tão perto. São bem maiores do que uma pomba, com o dorso e as asas negras e o resto branco e os bicos, amarelo forte.

Segue nosso planeta sua órbita a fazer primavera aqui e outono acolá na direção inevitável do verão e do inverno e, depois, tudo se inverterá. Viva a alternância das estações!

Thu, 12 Oct 2017 19:32:59 -0300

Alou Alou, Mermão...
Desculpe a demora em comparecer por aqui. Mas tive uns dias muito repleto de pequenas coisas. Faz parte dia a dia de todos nós, né? E ainda permanecemos por aqui, né?
Por falar nisso: a Bia me perguntou agorinha: "Faz tempo que você não pergunta a seu irmão como ele está, saúde em geral, precisando de alguma ajuda por acaso".
Acho que a Bia tem tem toda razão: como vai você por aí? Ainda bem que ela lembrou. As mulheres são mais esperta do que nós homens, né? Ela tem razão. Então, trate nos responder, quando possível. Elas sabem mais das coisas em geral, eu acho.
Quando será que vamos nos ver novamente?
A Bia sempre faz esta pergunta.
As mulheres sabem bem mais do que nós, né?
E as suas caminhadas, são diárias?
E duram quanto tempo mais ou menos.
Eventualmente você passa por um caminho que nunca passou passou?
Será que estou perguntando demais?
Se sim, desculpe.

Boa noite carioca aºi.

beijinho

      sem assinatura

Oi, mano,

Estou bem, sob as asas de um filho maravilhoso.

Ficaremos por aqui enquanto for o nosso tempo.

Segundo Schopenhauer, as mulheres são mais espertas nas coisas práticas...

Nunca é demais. Pergunte sempre que quiser, quanto quiser.

Não sei quando nos veremos. Você está programando vir ao Rio?

Eventualmente, sim, passo por locais inéditos... Em média caminho ao redor de uma hora.

Boa noite.

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