(de esporadicidade imprevisível)
Desconexo
06/10/17
Dir-se-ia termos contornado o Cabo da Boa Esperança, ainda que a órbita da Terra siga sem qualquer continente a lhe impor desvios de rota. De todo modo, a luz benfazeja de nossa estrela já melhora a vida dos Pinguins Imperadores, na Antártica, e enche de insetos e flores e frutos a terra pouca do hemisfério sul. É tempo de jabuticaba e árvores floridas, de cantorias ornitológicas e procriação de toa espécie - é primavera ao sul do equador! Tempo de pitanga e mil outras frutas, época de ocasos escandalosos e véspera de grandes águas, fúrias elétricas na atmosfera, nuvens escuras e vendavais. Seguimos assim nessa estrada acidentada rumo ao verão e, a cada dia, o dia se alonga e demora mais. Você, leitora perfumada como as flores da estação, agora a me ler além do equador, perdoe o enfoque regional. Bem sei da situação simétrica e de sua viagem em direção ao inverno, mas celebremos juntos a alternância de estações. Copacabana continua a mesma, ampla, pródiga em odores e muito acolhedora. Ao largo, o mar se alarga e quebra como coração pulsante a afagar a areia. A opulência e a miséria se cruzam a todo instante nos largos passeios às margens do Atlântico. O bairro tem o charme de uma velha condessa empobrecida. Outro dia, entre os pombos muitos das areias da praia, quatro gaivotas se destacavam na disputa de algum alimento, junto a um quiosque. Aproximei-me, curioso por saber por que as aves se concentravam ali. Resposta: disputavam restos de ossos de galinha misturados com areia. Nunca vira gaivotas tão perto. São bem maiores do que uma pomba, com o dorso e as asas negras e o resto branco e os bicos, amarelo forte. Segue nosso planeta sua órbita a fazer primavera aqui e outono acolá na direção inevitável do verão e do inverno e, depois, tudo se inverterá. Viva a alternância das estações! |
Thu, 12 Oct 2017 19:32:59 -0300 Alou Alou, Mermão... sem assinatura Oi, mano, |
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