Aquarela do autor

de esporadicidade imprevisível

Em foco a enfoco

22/06/16

O tempo passa e ocasionalmente surge uma marca do nosso existir. Quase sempre, a descoberta atiça a emoção mais que a razão e o "achado" ganha conotações sentimentais e, eventualmente, "significados" além do racional.

Encontrei uma anotação gravada no computador em 16 de março de 2010. Impossível saber sua verdadeira idade, pois foi criada em outra máquina e sucessivamente transferida.

"Pois é, é óbvio que cada particularidade importa, que as coincidências e acasos foram fundamentais, cada pessoa com suas individualidades - o Regastein, por exemplo, de quem nunca mais ouvi falar e nem mesmo sei como se escreve seu nome (ou seria sobrenome?), foi decisivo na definição de alguns aspectos administrativos da escola. O Vicente Formiga, ao definir o primeiro rosto da escola, aliás, do curso, bem com o logotipo e diagramação da papelada e do primeiro cartaz. O casal que vendia livros na redação do Jornal do Brasil e me convidou para dar um curso que nunca aconteceu, mas serviu de estopim para a enfoco. O Plínio, vizinho de então, que invadiu nossa casa num domingo, cheio de entusiasmo, com um pedacinho dos classificados do Estadão para me mostrar: era o anúncio do aluguel da primeira sede da enfoco, uma salinha na Avenida Paulista (que começo nobre! - brincadeira, na época, a avenida não era o ícone em se transformou). Enfim, se começo a puxar, o fio parece nunca acabar..."

Clichê usado para imprimir os cartões de visita da enfoco
Clichê usado para imprimir os cartões de visita da enfoco

Sem parar para respirar, o grande parágrafo dormia ali, sem destinatário ou finalidade explícita. Percorri os dados enfileirados isento de emoção pontuando, com a razão, ter encontrado o Regastein na internet, com foto e tudo, ele mesmo e, mais grave: faltou mencionar inúmeras outras pessoas importantíssimas para a enfoco e um outro tanto de episódios banais que, por um ou outro motivo, marcaram a história da Escola de Fotografia.

Wed, 22 Jun 2016 09:51:19 -0300

Regastein!!! O nome está carimbado
na memória porém, quem era ele?
Um editor? Sim ..... Não ....

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Sim, ele teve uma editora, a Raízes. Foi empresário em outros ramos também. Amante das artes etc., mas em relação a enfoco, era amigo e ajudou no planejamento antes da escola abrir.


Wed, 22 Jun 2016 10:22:45 -0300

Que saudades !

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Então... eram tempos duros, mas diferentes dos atuais: ditadura militar, abusos brutais, medo coletivo, mas existiam "ilhas", como a enfoco foi, onde se podia conviver e criar um clima próprio de excelência... a reação àquelas condições nos levou ao presente caos.


Wed, 22 Jun 2016 12:24:02 -0300

Clode,

Lembro da casa da Rua Batatais onde algumas noites trabalhamos até tarde para fazer aqueles folders do governo Paulo Egydio, por encomenda de Jorge Wilheim.
Como estou me mudando de casa e de vida dou de cara com muitas coisas do passado, inclusive uma foto, em slide, que você tirou de mim trabalhando na Enfoco. Era, acho, 1976, meus cabelos eram escuros e eu devia pesar uns 50 kilos e 40 anos menos!
Eh vida!

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Lembro muito bem deste dia, quer dizer, noite - nos reunimos lá numa noite - juntando as carteiras para obter uma "mesa" maior, mas não consigo lembra quem mais da Secretaria foi, além de você.

Da fotografia, não tenho a menos lembrança. Que bom que você a tem... Lembro mais coisas, posteriores, mas são pedaços mortos de vidas... Que importância têm?


Thu, 23 Jun 2016 10:07:32 -0300

Adorei, especialmente a história da escola - que não conheci exceto pelo fato de Fernando ter sido aluno, lá por 71-72 (junto com uma amiga que ele namorava enquanto eu estava grávida do Dani...). Conheci também outro ex-aluno, o Hugo Faleiros (será que esse o sobrenome?), que virou fotógrafo profissional. Uma vez foi comigo a uma festa na sua casa (acho que era aniversário da Anucha) - convidei porque ele dançava muito bem... E lembro que ele dançou também com a Anucha.

Quanto ao nosso maravilhoso programa de reconhecimento de faces, pelo menos no meu caso acho que faltou ser associado a um de lembrança de nomes... Geralmente consigo saber que conheço o dono daquela face, mas lembrar o nome e de onde conheço é outra história... principalmente se o/a encontrar fora do contexto original da relação. Hoje mesmo amanheci pensando em um pediatra que conheci no tempo do colégio, foi colega de meus cunhados e namorado de uma amiga minha; nunca mais encontrei, mas sei que atualmente é pediatra de dois de meus sobrinhos-netos. Lembrei dele porque fiquei pensando que devia pedir a Daniel o telefone do (a?) pediatra de minha neta (Lira, filha de Dani), que às vezes fica comigo - sempre pode haver alguma emergência! Já estava pensando em perguntar para minha sobrinha, só por teima, quando me veio de repente: o nome, que lembrei primeiro, era Sérgio. Mais difícil foi o apelido, que voltou de repente: Mico! Nomes são mesmo um problema quando nosso HD já está sobrecarregado... Certamente o reconhecimento de faces evoluíu antes da linguagem articulada!

Bjs
Ana

Oi, Ana,

O exemplo mais vivo que encontrei daquilo que Jung chamava de constelação de circunstâncias foi, sem dúvida, o surgimento da enfoco.

Qual era o sobrenome do Fernando? Não o identifico como aluno...

O problema de lembrança de nomes também me acontece. Antes de falar, saber interpretar a fisionomia e reconhecer pessoas deve ter sido muito importante nos critérios de Darwin.

Quanto ao Hugo, você soube que ele morreu? Foi monitor na escola e me aprontou uma junto ao consulado canadense...

Obrigado pelas informações.


Fri, 24 Jun 2016 16:14:58 -0300

que bela lembrança...
que venham outras...

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