Procuro saber onde está a exposição de Maureen Bisilliat e paro numa página online, do ig, de uma coluna que começava assim: "Os três fotógrafos de minha geração que mais me impressionaram foram: Cristiano Mascaro, Maureen Bisilliat e Ana Helena Mariani". O autor da crítica, Jorge da Cunha Lima, também foi aluno da enfoco - Escola de Fotografia, como Ana Helena, na década de setenta, e Maureen e Cristiano, dela foram professores. Passaram-se muitos anos e, mesmo com a perspectiva quase histórica de uma escola que morreu em 1976, me espanta a persistência desses ecos de então. Busco uma explicação para o sucesso de uma empreitada despretensiosa, quase uma brincadeira, sem fausto nem pompa, que se dizia, de início, um simples curso, aí implícita a efemeridade de tal condição. Procuro aspectos emocionais em busca da explicação. Eles têm muito poder sobre nossas resoluções. Se pusemos a razão num pedestal, certamente nos moveu a tanto, alguma emoção. Plagio Jung ao supor constelarem-se ali circunstâncias e aspectos não racionais para possibilitar à enfoco - Escola de Fotografia brotar, frágil como todo broto - apenas um punhado de alunos em seu primeiro ano - oito? dez? - e carente de toda infra-estrutura. Intrigam esses ecos distantes. Há coisas possíveis apenas na juventude - tinha 24 anos, Anucha, 23! -, outras, só acontecem com um empurrãozinho do Acaso, como no caso da enfoco. Talvez o clima de terror imposto pelos ditadores - aquele foi o ano do AI-5 (e BlowUp!) - tenha ajudado a tornar a escola uma possibilidade de relaxamento, além da de novos relacionamentos - ainda não existiam 'redes sociais', era relacionamento no mundo real. A enfoco, em seus oito anos de vida, catalisou muitas histórias e mistérios dispersos nas mil e poucas vidas que gravitaram por lá... |
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