A propósito do equinócio

22/09/10

Amanhã é primavera do lado de cá, do lado de baixo. Como assim, lado de baixo, diria alguém a meu lado. A referência é apenas um mapa na parede a mostrar sempre o pólo norte no alto e o hemisfério sul, embaixo.

Certa vez vi um mapa-múndi com o Pólo Sul encima e o Oceano Ártico no rodapé. Alguém poderia dizer, ora, basta pendurar o mapa ao contrário, mas não é a mesma coisa: o texto ficaria de cabeça para baixo e naquele mapa, não, podia-se ler Suécia no pé da página. Mapa é página, ou não?

Primavera cá, outono lá. Nessa bola fora de prumo alternam-se os humores na baila de estações, opostas, ao norte e ao sul do cós do mundo, o equador. Astrólogos de antanho tomaram a explosão de vida da primavera, em março lá no hemisfério deles, e assinalaram aí o início do zodíaco, o signo primeiro: Áries, o carneiro e lhe atribuíram o ímpeto e a imprudência das vidas a começar, o vigor e a precipitação dos rebentos, a energia do brotar.

Não lembraram de você, nascida ou nascido no hemisfério sul a partir do final de setembro, em plena primavera. A mesma explosão da natureza, mas o signo de Libra, da balança, símbolo de equilíbrio e maturidade, equilíbrio equinocial a repartir iguais o dia e a noite por toda parte, de pólo a pólo.

Aos nove minutos do dia 23, pela hora do Rio de Janeiro (o Rio e não Brasília está na latitude 45!), o sol cruza a linha do equador e nos inaugura primavera e outono neste equinócio de setembro de 2010. Quem o vir nascer, por volta das seis, saberá a posição exata do leste no horizonte. Nele, o pôr-do-sol, às dezoito mais ou menos, assinalará a exata posição do oeste e, como sol e lua estarão em oposição exata, ou seja, é lua cheia, cheíssima, será possível ver o sol sumir de um lado e, do outro, a lua surgir, imensa.

Bom equinócio para você!

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