crônica do dia

Guerreiros

11/03/02

O Los Angeles Times deu no sábado e o New York Times, no domingo:

"Como esboço de vasta revisão da política nuclear norte-americana, um relatório secreto do Pentágono propõe a fabricação de armas nucleares melhor adaptadas a alvos no Iraque, Irã, Coréia do Norte, Síria e Líbia."

"No relatório 'Revisão da Situação Nuclear', o Pentágono traça um panorama abrangente com o objetivo de desenvolver e implementar armas nucleares. Apesar da maior parte do relatório não ter classificação, trechos chaves são secretos."

A largada! Bestas a bufar e resfolegar iradas! Suor a turvar olhos e mente. Patas e cascos a fazer nuvens e noite ao meio-dia. Há cinqüenta anos era corrida armamentista. Hiroshima e Nagasaqui ainda fumegam - duas cidades, duas torres, colunas de cogumelos...

Hoje, 11 de março, "comemora-se" meio ano do atentado em Nova York. Culto para alimentar o pensamento. Transformar a história em mito, o sentimento em religião. Apenas seis meses!

Muito mais velho é o texto que o Acaso me trouxe ontem: "Suponhamos que as máquinas voadoras sejam inventadas, fabricadas e postas à venda. A Inglaterra, por exemplo, tem sido protegida dos horrores da guerra, até aqui, pela 'listra prateada de mar' que a separa do Continente."

As previsões de usos perversos das eventuais máquinas voadoras ia mais longe, os que cientistas não conseguiram imaginar, há 120 anos, foram prédios da altura de montanhas como alvos: "Deve-se considerar, também, que numa guerra disputada com o envio de máquinas voadoras para sobrevoar as cidades de um inimigo e deixar cair bombas cheias de nitroglicerina, a vantagem estará do lado de qualquer país com uma pequena população dispersa, poucos recursos...."

O texto, publicado pela Scientific American de fevereiro de 1882, testemunha que, apesar da monumental mudança na ciência e tecnologia, o ser humano continua o mesmo.

[traduções livres: clode.kubrusly@gmail.com]

 

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