desenho de Lu Guidorzi
basta um clique! 

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

Inútil explicar

03/05/05

Uma amiga liga para comentar a luz. É fotógrafa, pouco mais jovem que eu e, por isso já não consegue mais trabalhar: por profilaxia, talvez, velhos são banidos na disputa profissional. Não fotografa mais, mas seu olho treinado deslumbra-se com a luz de maio.

Há uns trinta anos, outro fotógrafo fez o mesmo comentário: já notou que maio tem a luz mais linda, perguntou. Hoje, com o ar frio, que limpa e seca os céus fez-se a madrugada mais fria até agora, de poucas estrelas, mas com um minguante de bandeira árabe, malgrado sejam aqueles crescentes e se mostrarem ao entardecer e logo após o pôr-do-sol. Depois, o dia chegou com luz belíssima.

Por muito tempo me perguntei por que a luz de maio não correspondia à de agosto. A luz nos chega no dia três de maio, por exemplo, com um ângulo de incidência idêntico à do dia nove de agosto e, no entanto, a iluminação, a luminosidade e a cor de um não correspondem a do outro. Por quê?

A melhor explicação que imaginei é pelo fato de existirem, entre essas duas datas, 98 dias secos, de frio e inversões térmicas, nos quais o céu fica cada vez mais sujo, sobretudo em um lugar com tanta gente como São Paulo.

imagens do Home Planet, by John Walker
imagens do Home Planet, by John Walker

Em maio teríamos o mesmo ângulo de incidência da luz do sol, baixo, que dá mais relevo e realça mais o brilho e claro-escuro das coisas - luz mais européia, dizem alguns, pois parte da Europa mais ao sul está mais afastada do equador que a tal foz do arroio Chuí - o mesmo ângulo de incidência, dizia eu, que em agosto, só que com um céu mais puro, literalmente, com um ar mais respirável.

As imagens, geradas por um programa muitas vezes mencionado aqui, mostram a mesma iluminação da Terra naqueles dois dias, ao meio-dia e sete minutos mais tarde, em agosto. (Note a barra de título). Não sei explicar essa diferença. Aliás, não sei explicar nada, embora viva atrás de explicações...

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