Poucos notaram, mas há muito o 'atachar' desapareceu ou mesmo morreu, com toda família. Como se dizia, tomou chá de sumiço. Aniquilou-se em menos de uma década com todos os seus tempos e pessoas. A 'Folha de São Paulo', há menos de dez anos, conjugava o verbo esquisito em suas páginas dedicadas a computadores, então recém evadidos das empresas, depois de suficientemente reduzidos para caber sobre a escrivaninha: "você pode mandar sua foto 'atachada' ao e-mail" - ensinaria, por exemplo, algum experto ou esperto em curso de especialização. A língua é um instrumento maravilhoso que não se deixa domar, apesar dos destemidos cavaleiros que a tentam campear, mas se entrega com gosto ao primeiro que a quer e se derrama por qualquer um e se deixa levar da boca da esquina a bocas sem dentes e outras contundentes que no afã da fala atapralha ou pru prigui i ô pru víci, infim, assi, assim. Se deletar se elegeu, a Academia a abençoou, atachar, não. Aquela foi das poucas a ganhar status de palavra do português, como a própria status. Já a mouse, hacker, soft, software e muitas outras dicionários disseram amém, mas não a Academia. E a língua vai e a língua vem... Há desafios que se ouvem amiúde mas são raros de ler. Por exemplo, o 'seje' em lugar do seja. Aliás, o próprio subjuntivo, como modo verbal em geral, parece forte candidato à extinção precoce. Palavra em visível processo de mutação é reiterar, onde muitos teimam em introduzir um ene: reiNterar. Sem falar em 'refrescância' e outros de fabricação publicitária. E a lingua podia dar uma chacoalhada braba de vez e livrar-se de tudo que e penduricalho, inuteis, enfim. E claro que da para entender sem cedilhas ou circunspetos circunflexos, nao da? Ora se os que vivem em papos por computador nem usam palavras, vc tb sabe, n? A língua nem tá aí pros acadêmicos, sejam de que escola for. A ambigüidade paira no ar e além das leis, o bom senso. |
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