desenho em DOS com IBM - StoryBoard - 1991crônica do dia

Marimbondos órfãos

25/08/08

Outro dia, falei aqui de um enxame de grandes marimbondos pretos zanzando pelo quintal naquela manhã. Contei e esqueci deles. Ontem, ao voltar, reparei na febril construção do ninho, a casa dos marimbondos, bem no poste de luz e sustentação de um transformador. Lá estavam eles, sem dúvida os mesmos marimbondos que, dias antes, procuravam local adequado para procriar - afinal, casa de marimbondo é um gigantesco 'berçário', um lugar apropriado para cada ovo se tornar larva, depois pupa e, finalmente, eclodir como mais um marimbondo adulto, pronto para construir e defender o ninho e a comunidade.

Esta casa, como a de muitas espécies, era feita de papel - um tipo de papel obtido pela mastigação e mistura com saliva de certas fibras vegetais. Um grande arco, elíptico, delimitava o topo das carreiras de células a se multiplicarem como os favos de abelhas, parentes próximos, himenópteros também. Os extremos do arco se estendiam dos dois lados, poste abaixo. A multidão de corpos pretos com reflexos azulados fervilhava no canteiro de obras. Abaixo, um homem os encara e enrola jornais e papelão ondulado na ponta do cabo de uma vassoura velha. Chega outro, com uniforme igual e uma lata com combustível.

Um terceiro se aproxima, empapam o chumaço e descartam o resto do líquido. Acendem a tocha. Esperam o fogo crescer e primeiro, com a arma, em pouco tempo, mata a maior parte dos insetos. são feios o papel e os escombros do ninho, chamuscados. Encosta um grande, barulhento e malcheiroso caminhão com três pessoas. Os reparos na rede de distribuição elétrica, agora, podem começar.

Hoje, contei cerca de quarenta indivíduos pousados no poste, acima dos restos do incêndio. Não me pareceram capazes de começar uma nova morada. Talvez lhes falte uma rainha para pôr ovos, donde nasceriam larvas, depois pupas...

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