Mentira inconsequente
04/06/18
Uma mentira inconsequente encabeça cada página gerada pelo mais poderoso mecanismo de busca do mundo, o Google. A mentira desfia o ser humano desde cedo: quando criança, havia a ameaça de pimenta como castigo em caso de mentir. Talvez uma única vez meus pais passaram da ameaça à ação, mas não estou certo. Por outro lado, li em algum lugar se considerar o mentir um indício de inteligência nos pequenos. O personagem Dr. House, da série de tevê, assegurava: todos mentem. Para ele era impossível viver sem mentir. Nossa sociedade está, de fato, mergulhada em mentiras, calúnias, trapaças, farsas, intrigas etc.. Muitos advogam com sólidos argumentos mentir em determinadas situações e, entre políticos, é comum, frente a uma acusação, negar terminantemente apesar de provas. Alguns deles se notabilizaram pela tenacidade com que sustentaram suas escancaradas mentiras. No fundo, o tema é confiança: pode um ser humano confiar em seu semelhante? A dúvida surge concomitante com a evolução da capacidade de raciocinar e, portanto, de perceber vantagens e riscos advindos da negação da verdade, da distorção dos fatos, do adulteramento de estatísticas, como vimos outro dia. No caso do Google, ele mente toda vez que informa a quantidade de "resultados encontrados" por seu mecanismo de busca ou, se preferirem, por sua inteligência artificial. É fácil comprová-lo: faça uma busca por qualquer palavra incomum, Gilzilaine, por exemplo. No alto da página com os resultados da busca se informa: "Aproximadamente 1.350 resultados (0,45 segundos)". Todavia, se percorrermos os resultados, página após página, ao atingirmos a sétima, o cabeçalho dirá: "Página 7 de aproximadamente 64 resultados (0,35 segundos)". Provavelmente, a gigante Google "justificaria" a mentira através de vultosos interesses comerciais. |
Tue, 5 Jun 2018 22:47:19 -0300 poemeto da Escola Joaquim Nabuco, acho que do livro A Mágica do Saber: sem assinatura Que legal! |
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