desenho de Lu Guidorzi
basta um clique! 

berro - a parte inútil da vaca
Publicação esporádica destinada a perder-se como berro de vaca que, todavia muge, apesar da inutilidade declarada de seu berro.

Missivas

17/02/05

O comentário chegou com missiva - ah, palavras que já escorrem pelo ralo quando, de repente, a memória as pesca! - comentário, dizia, das banalidades de ontem: "aposto que você ferveu outra água porque deixou secar a primeira, enquanto olhava a voadora.".

Sim, sou campeão em destruir chaleiras, bules etc. Já perdi a conta. Uma vez, acompanhava uma edição de vídeo e, em plena madrugada, pus um pouco de água numa enorme e antiga chaleira e ela, no fogão. Como sempre faço, saí.

Daí a algum tempo, o dono da produtora disse: "tem alguma coisa queimando". Eu já esquecera completamente a chaleira. Confirmei o odor perigoso e, juntos, procuramos a origem do cheiro, farejando os equipamentos todos já desligados. Nada, e o cheiro aumentava.

Com medo de um incêndio, desligamos a chave-geral. Péssimos perdigueiros, tateávamos com o olfato, mas foi a visão de uma chama azul e de um resto de fundo de chaleira em brasa que nos clareou. Acessas as luzes, vimos o grosso alumínio do fundo fundido e cheio de furos!

Outra missiva evoca liberdade e criatividade: "... o caso dessa moça não era tão grave, porque o texto era chato e cortado ficava muito melhor. Eu, seguramente, lhe cortaria além do texto, o cabelo. Cortaria também os babados de renda na camisa rosa. Mas não estou aqui para falar de moda. Quero falar de liberdade. A idéia é dar asas às histórias. Sonho de Ícaro que não soube como voar. Não soube metaforear. Pronto.agora já não sei como terminar..."

Tampouco eu. Outrora o texto me saía fácil, livre, cheios de erros, muito mais do que hoje, mas muito mais gostoso também, eu acho. Por exemplo: esta é a terceira vez que falo de bules e chaleiras. Há dois anos, repeti um texto de 1989, o melhor deles. Cinco meses depois, saía Silvia, a chaleira, hoje com pele dourada. Um belo bronzeado de fogão.

|home| |índice das crônicas| |mail| |anteriortem carta...

2453419.568