10 de maio de 2009

O velho e o novo

11/07/16

Revirando este velho sítio, descobri ter sido num onze de julho a queda de um avião da Varig nos arredores de Paris. Quarenta e três anos depois, um novo ponto de vista propicia uma outra visão do fato marcante e de repercussão mundial. Desde então, muita coisa mudou, inclusive por causa daquele acidente provocado, acredita-se, por uma guimba ou bituca de cigarro abandonada no banheiro da aeronave.

Na época, apareceu na lista de passageiros uma aluna da enfoco recém-saída do curso básico. Há onze anos aqui se assinalou a perda em uma única frase, no final de uma crônica com mais alguns detalhes em uma correspondência.

Passaram-se quase cinquenta anos e as cinzas daquela tragédia se expõe agora à razão desprovidas do conteúdo emocional a aquece-las na ocasião. Assim como aqueles corpos já se tornaram pó, seguindo o lema a encimar a entrada do cemitério vizinho da infância - "revertere ad locum tuum" - as emoções também desapareceram restando apenas o pó da informação.

É possível existir nos livros de História episódios cheios de fortes emoções, com muito suspense ou terríveis cenas de horror, mas serão tão somente sentimentos advindos do historiador e não vestígios emocionais das personagens históricas e suas vivências.

Esta parece ser uma vantagem da velhice: de cima do monte de anos é mais amplo o horizonte e se vê mais longe, com maior isenção (malgrado as limitações de visão do ancião). Lá fora, o sol ia quase à pino e saí ao encontro do ir e vir dominical da multidão.

Alguns passos e um jovem tentava tirar a areia do tirante trançado da coleira de seu cão. Repreendia o animal, lindo e de aparência muito jovem, a abanar o rabo sem parar. Ali começavam a desmoronar minhas teorias sobre as vantagens da velhice que, pouco depois, se fizeram pó ante a criança pequena no carrinho de bebê.

Mon, 11 Jul 2016 08:43:56 -0700 (PDT)

engracado, a memoria funciona de forma interessante ...
ia, de novo, falar na Leila Diniz, daih li a "correspondencia" e lah estava a mesma pergunta

pela data, tenho quase certeza q foi esse mesmo o aviao, o desastre q matou Leila Diniz

eu estava na Inglaterra qdo ela morreu na queda de um avaiao da Varig chegando a Orly, eh esse

no inicio fiquei me perguntado como vc achou um fato de 43 anos atras "revirando esse velho sitio"
nao tem como o sitio ter 43 anos ... mas jah entendi :)

Sim, a memória muito me intriga e, desta vez, fui procurar a informação - quase sempre disponível na internet- e encontrei os pingos para pôr nos "is":

https://pt.wikipedia.org/wiki/Leila_Diniz

(existem inúmeros outros sites sobre a atriz), mas não foi naquele voo, mas em outro acidente aéreo, um ano antes, na Índia e o avião era da Japan Air Lines...

Ficou registrado no sítio por envolver uma aluna da enfoco.


Mon, 11 Jul 2016 23:24:40 -0300

Sim, hermano, a criança no carrinho do bebê...

O mundo se repete, né?

      sem assinatura

Sim, da cappo a fine.


Tue, 12 Jul 2016 09:49:10 -0300

O acidente que matou a Leila Diniz (como provavelmente você ficou sabendo depois do toque dessa sua amiga em “correspondência”), aconteceu na Índia, em meados de 1972. Só fiquei sabendo dias depois, porque tinha acabado de ter o Daniel, e meu marido achou que eu ficaria chocada, porque gostava muito da Leila (especialmente no filme com Paulo José, que acho que chamava Todas as mulheres do mundo; e também pelo seu comportamento irreverente, que ficou famoso em uma entrevista ao Pasquim... Segundo consta, foi a primeira brasileira (?) que apareceu na praia gravidíssima usando biquíni - lembra disso?). Foi uma figura que me marcou. Quando morreu, sua filha Janaína (acho que com o Rui Guerra) devia ser bem pequena; parece que quem ajudou a cria-la foi a Marieta, então mulher do Chico Buarque. Muitos anos atrás li um livrinho sobre ela - não tenho mais, devo ter emprestado para alguém - mas, se tivesse, leria de novo hoje pra recuperar mais lembranças... com menos emoção, como você diz. Acho que vou dar uma olhada no Google pra lembrar...

Falando no Chico, me veio outra lembrança meio engraçada: Sonia, minha irmã que mora Tereza, é irremediavelmente distraída. Seus filhos frequentavam a Ceate (não sei se é assim que se escreve - uma escola bem conhecida em Santa Tereza) e as meninas do Chico também. Sonia ia buscar os filhos todos os dias, e às vezes via o Chico e tinha sensação de que já o conhecia... só descobriu que era ele ( que, a essa altura, já era bem conhecido como compositor e cantor) no dia em que ouviu a professa chamar “Silvia Buarque”. O mais engraçado é que Chico esteve em nossa casa na rua Macunis, em Alto do Pinheiros, no tempo em que frequentava o Santa Cruz - apareceu em uma das festas que minhas irmãs promoviam na época (elas namoravam garotos do colégio) e já era meio conhecido por tocar nos festivais de música que promoviam lá. Lembro de ter assistido um deles, no qual Chico cantou um dueto com a Tuca (lembra desta? Já morreu).
Bjs
Ana
Arre! Vamos ver que mais lembranças vão emergir...

E afloram em turbilhão mil memórias semi-adormecidas em nosso órgão mais intrigante - o cérebro!

Repetindo uma amiga, "vamos por partes, como diria Jack, o estripador": não vi "Todas as mulheres do mundo", embora goste muito do título. Eu era metido e rejeitava sumariamente cinema brasileiro. Quanto ao comportamento da Leila, sim lembro-me muito bem. Foi marcante na época e a célebre fotografia é inesquecível. (Hoje, penso nessas coisa e me ocorre apenas: caramba, como somos bobos! Um corpo grávido, por que o escândalo?)

Descobri muitas coisa sobre ela por meio do Google, existe um farto material. Quanto ao Chico, o conheci em uma residência chique do Pacaembu, na época dos festivais da Record, testemunhei do rés do palco ele (e os outros!) ganhar com sua "Banda", como repórter fotográfico do Jornal do Brasil.

Eta mundim pequenino: o Rafael estudou no Vera Cruz no pré-primário (ainda na Avenida Brasil) e, mais tarde no Alto de Pinheiros, no início dos anos setenta...

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