Vago e nebuloso é o começo de todas as coisas

Ocasos extasiantes

19/04/16

Nas proximidades do trópico de Capricórnio, o outono caminha para o inverno com características de verão. Sucedem-se dias quentes de céu azul e sol forte, quentes demais para a época. A ausência de chuvas já deixa a atmosfera mais suja e esse ar carregado de sobras da humanidade se acentuará até o final do período seco, às vésperas da primavera.

Como consequência, auroras e ocasos ganharão cores mais fortes em espetáculos efêmeros mas extasiantes. A temperatura máxima prevista para o Rio, hoje, é 37ºC, mais perto o Atlântico, todavia, certamente ficará abaixo disto.

Meteorologistas justificam o clima com um "bloqueio atmosférico", uma espécie de parede invisível, criada por pressões do ar aqui e acolá, impedindo o deslocamento das frentes frias além da fronteira do Uruguai com o Rio Grande do Sul onde, afirmam, faz frio e não para de chover.

Na outra semana, prevêem, a tal barreira se romperá e o ar frio acompanhado de chuvas deverá seguir além da região sudeste. Até lá, continuaria esse pseudo verão de luz muito mais bonita, porém, mais suave e mais oblíqua.

Alguns leitores comentam nossa condição de seres humanos, animais com a pretensão de ser simultaneamente objeto de observação e observador, no grande desafio do autoconhecimento e a humanidade seguiria seu destino evolutivo alheia ao esperneares individuais em busca de conduzi-la numa ou noutra direção.

Não é fácil galgar um ponto de vista para contemplar a História com amplidão e isenção, livre de influência local e temporal. Isto transparece com clareza nas redes sociais, onde a maioria do material publicado segue a onda definida pelas manchetes dos meios de comunicação.

Por maiores que sejam nossas trapalhadas, a Vida acabará agindo através de nós para determinar, com mais força que nossa vontade, os rumos dos tempos ainda por vir.

Wed, 20 Apr 2016 18:51:31 -0300

que belo título...
mais uma vez...

      sem assinatura

"São os seu olhos"
(diria papai)
e o seu coração.
    merci


Thu, 28 Apr 2016 23:06:24 -0300

Publicado no dia do Índio, antes do frio e da pouca chuva, me deu saudades dos ocasos exuberantes e da luz oblíqua do outono carioca. Obrigada pelas imagens trazidas à minha mente.

Não entendi exatamente o que você disse aqui: mais perto o Atlântico
mais perto do Atlântico?
mas, perto do Atlântico?

Hoje ouvi uma pessoa dizer: "Eu lia o Rubem Braga, hoje não tem mais crônica". E eu disse: "Tem o Veríssimo". E ele: "Ah, sim, leio sempre. Ele é o melhor. (pausa) Depois do Clode. O Clode é mais poético..."

A pessoa é seu fã Rubens Matuck. E começou a conversa contando que vocês conversam por email, a partir das crônicas, que ele mandou um monte de palavras pra você etc.

      sem assinatura

Obrigado mais uma vez pela correção. Era para ser do Atlântico. As máximas no Rio são quase sempre mais longe do mar, em Bangu, Realengo, etc. Mais perto do mar costuma ser mais fresco.
O Rubens tem escrito, de fato. Ele é econômico nas palavras e aboliu em definitivo os sinais diacríticos. Gosto dele e de sua obra também.

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