"Nunca fui capaz de responder à grande pergunta: o que uma mulher quer?"
Sigmund Freud, segundo "Mais!" , Folha de S. Paulo (6/12/92)
"Então veio a segunda descoberta em Amsterdam, embora o princípio fosse conhecido em toda parte. Os depósitos assim criados não precisavam ficar no banco inativos. Eles podiam ser emprestados. O banco então cobrava juros. Quem contraísse um empréstimo então passaria a ter um depósito que ele próprio podia usar. Mas o depósito original continuava a crédito do depositante original. Esse montante também podia ser usado. O dinheiro, isso é, dinheiro para gastar, acabava de ser criado. E que ninguém se espante com isso - o processo é utilizado todos os dias. A criação de dinheiro por um banco é simples assim, tão simples na verdade que, como já disse muitas vezes, a idéia chega a ser posta em dúvida.
O importante, é claro, é que o depositante original e quem contrai o empréstimo nunca devem ir ao banco à mesma hora para depositar - ou para retirar o dinheiro. Têm de confiar no banco. Confiar a ponto de acreditar que ele não esteja fazendo o que naturalmente faz."
"A Era da Incerteza" ("The Age of Uncertainty"), John Kenneth Galbraith, trad. F. R. Nickelsen Pellegrini, Livraria Pioneira Editora e Editora da Universidade de Brasília, 1979.
"Abrenuncio não pode esconder a admiração que lhe causava aquele homem recém-libertado das servidões da razão."
GGMarques, "Do Amor e outros demônios", Record/1994, pag. 218.
"Se estas palavras são vagas, não as tentem tornar claras. Vago e nebuloso é o começo de todas as coisas, mas não o seu fim, e eu gostaria que vocês se lembrassem de mim como de um começo."
Palavras d' "O Profeta" ao povo da cidade de Orfalase, Gibran Khalil Gibran, trad. Do francês, ed. Casterman, 1962, trad. Do árabe por Camille Aboussouan, 6a ed. pag. 91.
"Quando o amor te acenar, siga, mesmo que seus caminhos sejam duros e íngremes. E quando suas asa te envolverem, cede, ainda que a espada escondida em suas plumas possa ferir-te."
Idem, idem, pag. 14
"Vossas crianças não são vossas crianças. São filhos e filhas do chamado da Vida a si mesma. Elas vêm através de vós, mas não de vós. .... Sois os arcos, através dos quais vossas crianças, como flechas vivas, são lançadas."
Idem, idem, pag. 19/20
"Ah!, juventude - o homem só a possui um momento e o resto do tempo a lembra."
Os Frutos da Terra, trad. Sérgio Milliet, Dif. Européia do Livro, 2a ed., 1966, pag. 113
"Ela voltou os olhos para as estrelas nascentes. `Conheço-as todas pelos nomes, disse; cada uma delas tem vários nomes; e todas elas virtudes diferentes. Seu deslocamento, que nos parece calmo, é rápido e torna-as incandescentes. Seu inquieto ardor é a causa da violência de seu movimento no espaço, e seu esplendor o efeito. Uma vontade íntima as impulsiona e dirige; um zelo requintado as abrasa e as consome; é por isso que são radiosas e belas.
`Elas se mantêm amarradas uma à outra por laços que são virtudes e forças, de maneira que uma depende da outra e que a outra depende de todas. A rota de cada uma está traçada e cada qual encontra sua rota. Não poderia mudar sem distrair as demais, estando cada rota por uma outra ocupada. E cada uma escolhe sua rota segundo a que lhe cabe seguir; cumpre que queira a que lhe cabe, e essa rota, que se nos afigura fatal, é a preferida de cada uma delas, dona que é cada qual de uma vontade perfeita. Um amor deslumbrado as guia; sua escolha estabelece leis e delas dependemos; não podemos evitá-las.'"
Os Frutos da Terra, trad. Sérgio Milliet, Dif. Européia do Livro, 2a ed., 1966, pag. 118.
"Não acredites que tua verdade possa ser encontrada por outrem; mais que de tudo, envergonha-te disso. Se eu procurasse teus alimentos, não terias fome para os comer; se eu fizesse tua cama, não terias sono para nela dormir."
Os Frutos da Terra, trad. Sérgio Milliet, Dif. Européia do Livro, 2a ed., 1966, pag. 119.
"Que o homem nasceu para a felicidade,
Por certo toda a natureza o ensina."
Os Frutos da Terra, trad. Sérgio Milliet, Dif. Européia do Livro, 2a ed., 1966, pag. 124.
"...Não tens senão alimentos que não saciam; o ouro pálido, que sem cessar nos escorre da mão, como se fosse mercúrio; um jogo no qual jamais se ganha; uma mulher que até nos meus braços lança olhares ternos para o meu vizinho; a honra, bela divindade, que se esvanece como um meteoro."
FAUSTO, da versão de Gérard de Nerval, trad. David Jardim Jr. Ediouro, 1984, pag. 78/9.
"... Maldita seja, antes de tudo, a elevada opinião sobre si mesmo com que o espírito se embriaga! Maldito seja o esplendor das vãs aparências que assediam os nossos sentidos! Maldito seja o que nos seduz em nossos sonhos, ilusões de glória e de imortalidade! Malditos sejam todos os objetos cuja posse nos lisonjeia, esposa ou filho, criado ou charrua! Maldito seja Mamom, quando, o chamariz dos seus tesouros, nos empurra a empreendimentos audaciosos, ou quando, por deleites hedonistas, nos cerca de voluptuosos coxins! Maldita seja toda exaltação do amor! Maldita seja a esperança! Maldita a fé, e, maldita, acima de tudo, a paciência!"
FAUSTO, vers.: Gérard de Nerval, trad. David Jardim Jr. Ediouro, 1984, pag. 77
`Escrito está: "Era no início
o Verbo!"
Começo apenas, e já me exacerbo!
Como hei de ao verbo dar tão alto apreço?
De outra interpretação careço;
Se o espírito me deixa esclarecido,
Escrito está: No início era o Sentido!
Pesa a linha inicial com calma plena,
Não se apressure a tua pena!
É o sentido então, que tudo opera e cria?
Deverá opor! No início era a energia!
Mas, já, enquanto assim o retifico,
Diz-me algo que tampouco nisso fico.
Do espírito me vale a direção
E escrevo em paz: Era no início a Ação!'
FAUSTO, trad. Jenny Klabin Segall, Itatiaia - EDUSP, 1981, pag. 68
`Está escrito: "No princípio era o verbo!" Aqui já me detenho! quem me sustentaria mais longe? Não me é possível avaliar bastante a palavra: o Verbo! Tenho de traduzí-la de outra maneira, se o espírito se designar de me esclarecer. Está escrito: "No princípio era o Espírito!" Reflitamos bastante a respeito dessa primeira linha, e que a pena não se apresse demais! Foi mesmo o espírito que criou e conserva tudo? Deveria ser: "No princípio era a força! "No entanto, assim escrevendo, alguma coisa me diz que não devo me prender a esse sentido. O espírito me esclarece enfim! A inspiração desce sobre mim, e escrevo consolado: "No princípio era a ação!"'
FAUSTO, vers.: Gérard de Nerval, trad. David Jardim Jr. Ediouro, 1984, pag. 77
"Mefistófeles:
Falaste, amigo, com razão extrema.
Há, para remoçar-te, um natural sistema;
Mas noutro livro está escrito,
E é um capítulo esquisito.
Fausto:
Quero sabê-lo.
Mefistófeles:
Bem, um meio há para isso:
Sem médico se obtém, sem ouro e sem feitiço.
Vai para o campo, incontinentemente,
Maneja a enxada, ativa o arado,
Conserva-te a ti próprio e a tua mente
Num círculo chão, limitado,
Com alimento puro, nutre-te qual gado,
Vive entre o gado, em suores cotidianos,
Adubar pessoalmente o campo e o agro não temas;
Por remoçar-te de setenta anos,
Crê-mo, o melhor é dos sistemas!"
FAUSTO, trad. Jenny Klabin Segall, Itatiaia - EDUSP, 1981, pag. 68
"Mefistófeles: Meu amigo, ainda falas com sabedoria. Há, para se rejuvenescer, um meio muito natural, mas que se encontra em outro livro, do qual é um capítulo singular.
Fausto: Quero conhecê-lo.
Mefistófeles: Muito bem! É um meio que não exige dinheiro, medicina ou sortilégio: vá para os campos, imediatamente, passa o teu tempo cavando e escavando, fecha os teus pensamentos em um círculo estreito, contenta-te com uma alimentação simples; vive como um bicho com os bichos, e não desdenhes estrumar tu mesmo o teu patrimônio. É, creio eu, o melhor meio de rejuvenescer oitenta anos."
FAUSTO, vers.: Gérard de Nerval, trad. David Jardim Jr. Ediouro, 1984, pag. 77
Mefistófeles (à platéia)
- "No fim tão sempre dependemos
das criaturas que criamos"
FAUSTO, trad. Jenny Klabin Segall, Itatiaia - EDUSP,
1981, pag. 68