"A vida é mesmo assim, Mercè. As mulheres são todas iguais. Tem os mesmos ingredientes, mas a forma com a qual se apresentam, muda tudo." Não, não são minhas as palavras entre aspas, vieram de amável leitora ao comentar 'Notícia e repasto'. Ei-las, na íntegra:
E eu me rio com um olho e choro com o outro. A lágrima lamenta a cegueira, choro minha incompetência ao não perceber analogia tão escancarada num tema que me é tão caro. Ah, as pequenas coisas, as bobagens ditas ao acaso capazes de esconder preciosidades, como ostras! Quanto se fala e falou de beleza interior, do eventual blefe das aparências, de belas violas recheadas de pão bolorento e, no momento de decisão, alteia-se outra voz cultivada por milênios, a voz de instintos a clamar pela beleza mais superficial, pelo brilho impecável a atestar uma superfície imaculada. Clama-se por glamour, perfume, atmosfera, pelo irisado evanescente de bolha de sabão e demais temperos e ingredientes portadores do encantamento da ilusão.
Pois é, amiga, você tem toda razão, "as mulheres são todas iguais" e, como você, Ataulfo Alves também, quando entoa: "mulher a gente encontra em toda parte, só não encontra a mulher que a gente tem no coração. Pois é, falaram tanto..." |
A carta da leitora, é óbvio, saiu nas cartas dos leitores. |
|home| |índice das crônicas| |mail| |anterior|