03/12/99
Há pessoas que dizem gostar do frio. Se se questiona esse suspeitíssimo gostar, não como uma disputa, pois de gustibus et coloribus non est disputandum, já se sabe desde a Idade Média, em sua autenticidade: gosta mesmo? - E logo, começam as explicações... Todo tipo de explicação das mil e uma maneiras de acabar com o frio que dizem adorar.
Meu tio, professor de física, definia calor como a mais vagabunda forma de energia. Falava da pouca eficácia das máquinas térmicas e da impossibilidade de se aproveitar todo o calor gerado por qualquer fonte. O calor aquece tudo ao redor, dá energia sem que lha peçam e daí, talvez, o adjetivo, que compararia a forma de energia à Geni, da Ópera do Malandro.
Aproveito para registrar que hoje, 16 de agosto de 1999, quando faltam 36 dias para o equinócio de primavera, aqui, ao sul do equador - e nos últimos dois dias, em cada diferente latitude do continente americano se viram os recordes de temperaturas baixas, com a passagem de ares vindos do pólo sul, do continente que esconde seus mistérios sob o gelo, a Antártida.
Informa a meteorologia que se trata de um centro de alta pressão com 1.042 hectopascal, quantidade que antes se preferia indicar em bar. Não, dona Sabrina, nem só os bebuns e boêmios tem seu bar, este, como disse, é mera unidade, que o dicionário define assim: "bar [Do gr. barys, 'pesado'] S. m. Fís. 1. Unidade de medida de pressão igual a 10(5) pascals. Corresponde aproximadamente a uma pressão da água do mar a 10 m de profundidade." Não gosto da definição, mas precisamos de dicionários. No plural, a diferença: "[Pl.: bars. Cf. bária.]"
Ora estas anotações são anteriores ao cataclismo tabagístico ou, com ele coincide. Passados 100 dias da última guimba e a menos de 20 dias do ápice de insolação - o solstício de verão será às 7:45 GMT do próximo dia 22, uma quarta-feira - continuam os ventos frios, madrugadas de 15 a 18 graus! De dia, faz calor, o tempo é seco e as chuvas de verão são só promessa. Há pessoas que dizem gostar do frio...
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