Crônica do dia |
O eterno Padre Eterno, ao ver empacada sua obra, já que Adão ignorava os atrativos explícitos da mulher, a perambular sem cuidado ou pudor pois, na ausência de outro humano olhar que o de seu marido, não tinha por que ruborizar, sentir vergonha ou timidez. Mais, por ser o Homem destinado ao ócio e desfrute de frutas, fontes e paisagens paradisíacas, não mais, descuidou Adão da instrução número um do Senhor e não crescia nem multiplicava. Preocupado com eventual efemeridade da Obra Divina, Jeová, tomou medidas extremas e se fez Diabo e se meteu em bela fantasia, vestimenta lisa e escorregadia de insinuante e sinuosa serpente. Cobra fêmea, que se diga, pois tramaria com a Mulher. Fêmea e réptil, logo se encantou, entre tantos, pela maçã e, prestes a se tornar madrasta de uma humanidade que sonhava e não nascia envenenou com sedução e fascínio insuperáveis a fruta do pecado original. O resto da história os livros não omitem como este, que aqui desvelo em primeira, segunda e mão única. Adão comeu a maçã. A maçã era Eva. A serpente pôs gosto de jabuticaba e cheiro de manga madura no fruto insípido da macieira e, pela vez primeira, carecia um cronista, claro, um aprendiz, para saber quem era quem, o que era o quê. O que serpente, o que maçã, quem comia e o quê.
Diante da irresistível serpetentação, Eva deu a Adão, em oferenda, a perfumada maçã, virgem de dentada, a ele, já transtornado pela serpente. A absoluta ausência de dados sobre os momentos que se seguiram sugere ampla participação na orgia universal que se supõe, mas isto não passa de suposição. Nasceu um filho, nasceu outro, mataram-se. Vieram mais meninos na ninhada do vale de lágrimas, que ali começava sua inundação. Humanidade que se fez, de início, homossexual, como é fácil conferir nas relatos dos cartórios de então. Esta crônica se inspirou em outra, de 15 de maio do ano passado, que gentil leitora descobriu agora e, agora, comentou... |
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