Terça-feira
11/10/11
Por que hoje é terça-feira e acabo de perceber a existência de terças-feiras relevantes no tocante a mim, tomo desta pena virtual para assinalar datas. Começa com meu nascimento: uma terça-feira. Com um pequeno software para DOS, de Luiz Tarcisio de Carvalho Jr., de 1995, "Calendário", simplíssimo, constatei que meu filho e minha mãe também nasceram em terças-feiras. Daí surge o irresistível território do acaso, do imponderável, da superstição.
Para pôr em pratos limpos lancei a data do nascimento de minha neta e, já sabem, também ela nasceu numa terça-feira. Saravá! - logo me ocorreu exclamar - mas, antes de qualquer sílaba, a superstição me pareceu ótimo signo para distinguir o Homem entre todos os animais. Que outro bicho seria supersticioso? O chipanzé? O orangotango? O elefante? O golfinho? Não, só o Homem é supersticioso. Este ímpeto que cria o impalpável encerra também o germe de Deus, da suposição de um arquiteto maior, uma inteligência absoluta por trás da desconcertante harmonia da natureza e da imensidão incomensurável cheia de estrelas dispersas numa quantidade incalculável de galáxias. Tudo em equilíbrio, como vislumbrou André Gide ao falar de estrelas: "Elas se mantêm amarradas uma à outra por laços que são virtudes e fôrças, de maneira que uma depende da outra e que a outra depende de tôdas. A rota de cada uma está traçada e cada qual encontra sua rota. Não poderia mudar sem distrair as demais, estando cada rota por uma outra ocupada. E cada uma escolhe sua rota segundo a que lhe cabe seguir; cumpre que queira a que lhe cabe, e essa rota, que se nos afigura fatal, é a preferida de cada uma delas, dona que é cada qual de uma vontade perfeita." Vocês já perceberam, terça-feira era apenas pretexto para este texto. Saravá, terça-feira 11 do ano 11 deste milênio! |
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