desenho de Mima

Um milhão

11/11/11

Sessenta e três - em notação binária seria 111111, a data de hoje. Dela se exalam muitas superstições. No Egito, fecha-se a pirâmide maior, a de Quéops, para evitar danos às sobras de quatro milênios. Noite de lua cheia envolta em véus de brumas ou poluição, até agora tudo continua, aparentemente, como sempre foi, mesmo sabendo que nada é como era há um segundo.

Aliás, isto sublinhou gentil leitora ao sugerir: 'Quem sabe também vc não recorre às releituras de suas próprias crônicas? Sempre é um momento novo, uma nova maneira de ver e sentir, pois estamos (ainda bem) sempre em transformação.' A sugestão veio depois de tentar lhe explicar a atual escassez destes textos como consequência de me parecer, quase sempre, repetir-me neles de maneira insuportável.

Outro leitor, há algum tempo, manifestou-se impressionado com a profusão de uns neste ano onze. Ele me pareceu ansioso pelo dia de hoje, o onze do onze do onze. Pois é, ei-lo aí, entre o dez e o doze, em madrugada quente por essas bandas de cá.

Lembro já ter assinalado, neste recanto virtual, a ubiquidade no mostrador digital das onze horas e onze minutos. Na época, parecia-me sina mais que mera coincidência olhar o relógio e constatar quatro bastões verticais e paralelos: onze e onze.

No fundo, sempre reinventamos Deus. Seja ao atribuir poderes a uma data atípica, seja com o deslumbramento diante da vida ou a beleza de um rabo de pavão ou o ajuste preciso da relojoaria sideral. Não conseguimos ver as coisas apenas como são, sem explicação e, então, inventamos mais uma vez um Criador.

Talvez se alegue sucederem-se as as maravilhas desta data apenas às onze horas e onze minutos, no fim da manhã e, não, agora na madrugada onde a lua baça já descamba para o poente.

Se fosse sessenta e quatro, quadrado e cubo, seria um milhão.

pena, a crônica 1111 foi no dia 27 último

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