detalhe de desenho de Anucha

(de esporadicidade imprevisível)

A Beleza Perfeita

30/10/18

Bruxas por todo planeta requentam em fogo brando poções. Amanhã é o dia delas, segundo cultura importada. Conheci duas mulheres nascidas neste dia. A mim não aparentaram ser mais feiticeiras que qualquer outra mulher.

Bruxas têm sido tema recorrente neste sítio e sua revoada no dia 31 de outubro já deu motivo a debates linguísticos, quando se tentou aportuguesar o nome dos festejos do dia das bruxas, há 15 anos.

Hoje, dificilmente tentaríamos acertar a grafia fonética, como foi feito naquela ocasião, pois muitos dicionários já incorporaram o termo forasteiro: "halloween", além de constar, como palavra estrangeira, no VOLP.

Fantasiar, devanear, criar personagens e deuses - eis algo provavelmente privativo do cérebro humano. Alçar voo nas asas da imaginação para vivenciar, por empatia, realidades existentes apenas no pensamento, na fantasia, reinos construídos com palavras, ideias, provocações da emoção - tudo pura ficção!

Certamente esse universo distante da realidade, cultivado através de milênios por meio de lendas, peças, teatrais, literatura e obras cinematográficas deve ser de alguma forma vantajoso para o Homo verbalis...

Ou estaríamos nos destinando ao longo dos dilatados períodos da seleção natural ao extermínio, à fatalidade de espécie extinta por transitar quase sem perceber entre fatos, aquilo que é, e as mentiras enfeixadas a criar a ficção?

Assim, Menotti Del Picchia explicita a ficção de D. João, sua personagem: "Não! Não compreenderás o prazer que consiste / em se amar, como eu amo, um ser que não existe! / Plasmei-a dentro em mim e fi-la minha Eleita. / Chama-se essa mulher: a Beleza Perfeita!" e, como ele, uma legião de autores plasmam a imaginação e os devaneios de suas personagens a engendrar um "manto de sonhos" talvez mais denso que aquele mencionado por Buñuel.

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