"Foi incrível a sincronia entre a tua crônica e o que estou vivendo hoje" - escreveu uma leitora e amiga pouco depois de se publicar 'Fadas e demônios', há dois dias. Ela termina dizendo que "foi coisa de fada mesmo." Ao retrucar, mencionei Jung e sua 'sincronicidade'. E veio o comentário: "mais uma coincidência: o Jung é um dos personagens do texto em questão..." Aí, lembrei Buñuel e sua visão peculiar sobre os tênues limites entre o sonho e a realidade. E mais uma vez e ela confirmou que "o mais belo e mais difícil é justamente entender esses limites entre a realidade e o sonho", no trabalho que desenvolve.

Hoje, em busca de assunto, fui conferir o que aqui se publicava há exatos dez anos: nada, o dia 17 de janeiro de 1998 foi sábado, não teve crônica. E nas vésperas e nos dias seguintes, quis saber, que teria saído? Na sexta-feira, se falou sobre o grito, tão comum nas brincadeiras infantis "tô de altos!" e de toda credulidade e confiança necessárias para que ele possa funcionar. Na véspera, quinta-feira dia 15, foi o 'Acaso', que começa afirmando que "Buñuel dedica um capítulo inteiro de 'Meu Último Suspiro' ao Acaso." Capítulo, aliás de cujo título o autor se orgulha: "Ateu graças a Deus".

Esta crônica estava pronta, com outros dois parágrafos que completavam o tamanho padrão, na hora de a publicar... faltou luz. Isto, há quase quatro horas. A coincidência me saltou aos olhos e, no escuro de computadores e comunicação, decidi que esta não era para se publicar. Afinal, o Acaso deveria ter lá suas razões.

Voltou a eletricidade. O telefone toca. A amiga, direto de Ribeirão Preto, entre elogios à excelência do chope escuro do 'Pingüim' e outros relatos, conta da incrível coincidência quando, naquela manhã, ela...

Com mais esta, voltei atrás e eis o fruto de tantas coincidências.