auto-retrato 

Estratela

27/11/09

A cartinha me chega de Portugal. Desta vez, pelo correio eletrônico através de fios e ondas hertzianas em vez de navios, aeroplanos, lambretas ou solas de sapato. Reproduzo a íntegra da história de Estratela, a mim repassada intacta com essa explicação: "recebi a mensagem abaixo de um amigo e achei que você se interessaria pela história".

Lá em Três Pontas, pequena cidade de Minas Gerais, uma médica, atendendo uma criança pelo SUS, leu o nome na ficha para chamá-la: "Estratela de Quica da Silva".
A médica, um pouco encabulada, perguntou à mãe a origem do nome.
A mãe respondeu com aquela velha paciência dos matutos: - Uai, dotora, o pai dela foi registrá lá em Santana da Vargi e o homi do cartório preguntô:
- Como a minina se chama? - Aí ele arrespondeu: U memo nome da avó, uai.
- E como se chama a vó dela?
- Uai, eis trata ela de Quica...
- E o homi du cartório preguntô de novo: e quar o subrinome?
- Ele arrespondeu: uái, é da Sirva.
Quando nóis viu o rigistro tava iscrito lá: Estratela de Quica da Silva, mas nóis queria mesmo é que ela tivesse o nome da avó: Francisca!

Quem mandou sabia de antemão o quanto gostaria, como gostei, pois se trata de grande colaborador de uma página onde anoto, há muito, nomes de brasileiros (não direi como Sarney 'e brasileiras', já implícitas naqueles). A lei de Portugal não permite uma Estratela mas, aqui, tudo pode, tudo se cria.

A lista já tem mais de cinco mil nomes e não pára de crescer. Está disponível no sítio do clode e, claro, toda colaboração será bem-vinda, seja para corrigir ou completar.

Estava pronto este relato quando recebi, de Portugal, nova colaboração do atento e solícito correspondente (brasileiro): "Como pude esquecer de FLORDUARDO Pinto Rosa, pai do genial João Guimarães Rosa?" - e assim mais um prenome se soma à lista...

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